quinta-feira, 29 de março de 2018

A Democracia Verdadeira (direta) contra o Parlamentarismo (oligarquia).

O artigo que se segue são conclusões de nacionalistas helênicos (não se trata do Aurora Dourada), sobre o regime político liberal, que por má-fé chamam de "democracia", quando se trata de uma oligarquia. Ao mesmo tempo que desmente a falácia liberal de que um sistema de eleição pelo voto seria por si só democrático, nada mais distante da realidade e desmentido pelo próprio Aristóteles. É um artigo que julgamos altamente pertinente e que o leitor poderá observar terem, os nacionalistas gregos, chegado as mesmas conclusões que nós castilhistas há mais de um século atrás.... e isso não é por acaso, posto que os castilhistas beberam direto nas fontes gregas.
Editorial.

A Democracia Verdadeira (direta) contra o Parlamentarismo (oligarquia).

"Se um povo deve saber o que é a democracia, é o grego que a criou. No entanto, muitos gregos ignoram o que é a democracia e ignoram que o parlamentarismo é um sistema anti-Democrático que nada tem a ver com a democracia.

Aristóteles em seu livro " Politica " diz: “democraticon men to klerotas einai tas arxas to de airetas oligarhikon”. que quer dizer: onde os senhores são "eleitos" por votação,  lá o sistema é oligarca. O que isso significa será explicado neste texto.

Desde que as pessoas se juntaram em sociedades organizadas em Estados até os presentes dias, o problema do poder continua a ser o mesmo: quem decidirá sobre o público?

Poucos ou todos os cidadãos?

Cada geração resolveu este problema de forma diferente.

Da resposta que ele deu, as três principais políticas: a monarquia, a oligarquia e a democracia.

O parlamentarismo é uma forma de oligarquia criada na Inglaterra e visa contornar a vontade do povo, e todas as decisões importantes a serem tomadas pelos poucos. Como se pode ver hoje em dia, os poucos que decidem são "acidentalmente" sempre ligados às ideologias federalistas e trabalham para quebrar a consciência nacional dos povos. No Parlamento, nenhuma decisão importante é tomada pelo povo. Os antigos gregos disseram que onde há partidos e eleições o sistema é oligarca, e onde há referendos populares o sistema é democrático.

Os eleitores de hoje estão a tentar encontrar uma solução para os fins da crise sem saber que, quando as partes votam nas eleições, eles não fazem qualquer decisão, mas eles fazem decisões para os políticos, e mais especificamente para um sistema político podre de escravidão...

Como já foi mencionado, Aristóteles em seu livro " Política " diz: " Dēmokratikón é o klērōtás é o primeiro, o d ' airetás oligarchikón ". que é: onde os Senhores são " eleitos " por votação, lá o sistema É o oligarca. Nos estados democráticos, todas as decisões importantes foram tomadas pelo povo em referendos, e os escritórios da cidade foram levados por cidadãos sortiados por curtos períodos de tempo, obrigados por lei a fazer exatamente aquilo que o povo decidiu. Sem ter a oportunidade de mudar a decisão do povo, ou de fazer o contrário. Enquanto os Senhores são "eleitos" decisões são sempre tomadas pelo filo de políticos, e nunca o povo. Este é precisamente o ponto crucial que todos devem compreender: que na democracia as pessoas decidem sobre as questões próprias e nunca votam em alguns políticos para que os representem ". Enquanto na oligarquia as pessoas nunca decidem sobre questões, mas todas as questões são decididas por um pequeno grupo de pessoas que "representam" as pessoas e eleitas pelo processo eleitoral. 

Na Europa, foi observado que 80 % das decisões tomadas nos parlamentos dos países são contrárias à vontade da maioria. O que é importante é precisamente quem toma as decisões: as pessoas ou os políticos (que estão sempre ligados a interesses e manipulação e praticamente, na maioria dos casos, agem contra a vontade das pessoas que votaram nelas).

Uma expressão que corretamente atribui ao parlamento é a expressão: "consenso da oligarquia” ou seja, que as pessoas aceitam ser governados pelos poucos (políticos) a quem no dia das eleições ele concedeu todos os seus direitos políticos e por 4-5 anos as pessoas ficam sem direito político. Mesmo que os políticos enganem as pessoas em todos os seus compromissos políticos pré-Eleitorais, as pessoas já não têm o direito de demitir políticos corruptos.

Hoje é imperativo ter soberania popular com o estabelecimento constitucional de democracia real (direta). A Suíça e a Venezuela são os únicos países do mundo que tem uma constituição democrática onde as pessoas decidem questões importantes em referendos. Ao mesmo tempo, o parlamento decide sobre questões menores. O que importa é importante para que as pessoas decidam num referendo é julgada pela recolha de assinaturas a fazer num determinado período de várias semanas, para que possa levar a um referendo a questão que pretende propor. A Constituição democrática da Suíça foi iniciada por John Kapodistrias como ministro dos estrangeiros russo.

Nas últimas décadas, o parlamentarismo conseguiu dar ao governo da nação uma minoria internacionalista de anthellḗnōn. Tornou-se claro hoje de uma forma ainda mais enfática que só com a democracia (direta) é a vontade do povo e todas as decisões estão em consonância com a verdadeira vontade da nação.

Se nós fizermos uma retrospectiva, vamos observar que a Esparta antiga, e Atenas antiga tinham democracia direta. Em Esparta, as decisões mais importantes foram tomadas pela apella (Assembleia do povo) e, em Atenas, as decisões mais importantes foram tomadas pela Assembleia do povo. Em Esparta, a presença dos dois reis e cinco regentes era mais uma personagem honorária. A verdadeira administração era o povo com as decisões dos apéllas.

A nova ordem de coisas inteligentemente nomeou o atual sistema oligárquico de " Democracia parlamentar ", com esta manobra, poucos entendem que não é uma democracia. Eles pensam que há muitos tipos de democracia, uma das quais é o parlamentarismo.

Se a Grécia tivesse hoje uma verdadeira democracia, não esta chuva de decisões anthellēnikṓn que tendem a ser a eliminação biológica da nossa nação e a sua fidelidade aos centros de decisão estrangeiros.

No entanto, a maioria dos gregos, infelizmente, continuam a acreditar hoje, devido à ignorância de que o parlamentarismo é um sistema grego e democrático baseado na antiga democracia ateniense.
Dois importantes parâmetros de democracia real são anaklētótēta e chamar.

Anaklētótēta significa que, quando alguém foi colocado por uma nação em alguma área de responsabilidade, se não faz exatamente o que é definido, é retirado desta área de responsabilidade. Não existe tal procedimento no Parlamento. Qualquer fraude ou quebra de promessas eleitorais, e se um político do sistema parlamentar faz, quase nunca é removido, porque é apoiado pelo próprio sistema oligarca.

O sorteio é o processo pelo qual os gestores dos setores de gestão são selecionados por períodos curtos. No Museu do antigo mercado no pórtico de átalo, em Atenas, há o (kleroterion) onde os cidadãos atenienses que iriam servir em vários lugares públicos na cidade de Atenas foram escolhidos aleatoriamente. Na Grécia antiga, alguém que, por exemplo, foi responsável pela gestão financeira da manutenção dos navios, depois de estar preparado para esta posição, estava a assumir por um curto período de 2 meses que começou um ano após o sorteio, a Que foi obrigado a cooperar com os seus antecessores anteriores, a fim de "aprender os segredos" deste sector, de modo que, em cooperação e com outros, eles adequadamente o que o município já tinha decidido. Não tinham o direito de tomar as suas próprias decisões, exceto para realizar corretamente aquilo que tinha votado nos referendos e, por isso, o município decidiu.

A aplicação de sorteio hoje poderia ser feita não só para lidar com as áreas de responsabilidade a nível pan-Helénico, mas também na união, universidades, etc. Envenenado por partitocratas.


A proposta do Estado para a Grécia de hoje

A proposta de hoje é que a Grécia tenha um sistema democrático de estado semelhante à Suíça. Ter uma democracia real (direta) com referendos do povo sobre todas as questões muito importantes (depois de recolher assinaturas, dentro de um determinado período de semanas, para definir as questões verdadeiramente importantes) e, ao mesmo tempo, ter o parlamento com membros eleitos, Quem decidirá sobre todas as questões menores. As questões que serão consideradas mais importantes por causa da recolha de muitas assinaturas serão destinadas a um referendo do povo em certos momentos, e irá, em particular, ter como objetivo a eleição de eleições nacionais, municipais e europeias para a sua preparação. Duas urnas (um para as questões de referendos e uma para estas eleições: eleições nacionais, municipais e européias. Assim, à medida que os referendos serão realizados ao mesmo tempo que as outras eleições, terá custos mínimos para o estado.

As questões secundárias, para além do Parlamento, podem ser votadas por 1.000 ou 2.000 cidadãos, por exemplo, que poderiam ser utilizados por períodos curtos, por exemplo, por um quarto. O voto destes cidadãos é absolutamente indicativo da vontade de toda a sociedade. É indicativo que as empresas de sondagem quando fazem investigação são, normalmente, cerca de 1.000 pessoas. Por conseguinte, os organismos de 1.000 ou 2.000 ou mais cidadãos atribuirão precisamente a vontade do povo e podem substituir a maioria dos drastrēriótētes do Parlamento. Por isso, o papel da assembléia será mínimo, e a parte superior será sempre detida pelo povo, quer por referendo, quer por votos dos órgãos do povo."





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quinta-feira, 15 de março de 2018

Marcha de Titãs - Breviário Histórico do Nacionalismo Brasileiro.

“Que todos os homens lembrem aos seus descendentes, que também são soldados, que não devem desertar das fileiras de seus antepassados ou por covardia recuarem.”

Platão

No seu primeiro século de formação, a nacionalidade brasileira se forma sob o influxo lusitano, que será dominante em um processo assimilatório da população indígena do país. A presença normanda em terras brasileiras em contra-posição ao português, será um fator preponderante, que fomentará essa precocidade nacional no brasileiro, em oposição ao elemento nórdico e protestante na conquista da terra, de onde teve que arrancá-la "a polegadas" dos normandos que nela se enraizava. Findo o qual, o Brasil já estava feito. A subsequente invasão holandesa, apenas patenteia de forma irrefutável essa nova nacionalidade que se anuncia ao mundo, a brasileira, que não se deixa absorver e antes repele o invasor cruel e herege. Antes atestada pelo invasor holandês atônico que não esperava resistência de simples coloniais e que registra estarem lutando contra um povo "extremamente nacionalista" são as palavras expressas pelo cronista holandês Johne Boer na época.

Ao sul, no que pese alguns reduzirem as ações dos mamelucos de Piratininga a meros preadores de índios, a realidade das coisas foi bem outra. O padre Francisco das Chagas Lima, quando das ações dos paulistas em Guaíra, no atual Paraná, a registra em termos de defesa nacional. O padre lembra que os espanhóis tinham o intuito de assegurar-se na posse daqueles territórios, quando no meio do século XVII, "estabeleceram sua Ciudad Real na embocadura do Piquiri, e Villa Rica, na márgem meridional do Itatu. Povoações que foram demolidas pelos antigos paulistas.". E as ações desses mamelucos não cessam, vão a Bolívia e destroem Santa Cruz de la Sierra. Assim, se a motivação dos paulistas fosse o único e sórdido interesse de cativar índios, como explicam seus detratores. Como explicar as expedições, como essas de 1676 e 1691, contra Villa Rica e Santa Cruz de la Sierra, cidades urbanas, onde não havia índios a cativar? Explica Lopo Saldanha, homem de Estado, feito no segredo da realidade, que bem conhecia as verdadeiras motivações dos paulistas. A defesa daquelas terras, em puros feitos de defesa nacional.

Serão esses mesmos mamelucos descidos do planalto de Piratininga, que anos mais tarde, fixarão as fronteiras ao sul do Brasil, desfazendo o Tratado de Santo Idelfonso e varrendo a presença castelhana do Jaguarão ao Ibicuí. Findo o qual, com o Tratado de Madrid, genialmente conduzido pelo brasileiro Alexandre Gusmão, praticamente delineia as fronteiras atuais da pátria brasileira.

Nesse primeiro momento, o Brasil já nasce com um Estado constituído que é o português, e dele deriva a tradição católica que será elemento essencial de unidade contra normandos e holandeses. As uniões de sangue entre portugueses e tupis também será essencial na arregimentação das tribos para levantar os exércitos coloniais em contestação a presença normanda. E assim não teremos no Brasil, o estabelecimento de castas, de populações segregadas, vivendo a parte, como se observou nos regimes coloniais de Espanha, Holanda e Inglaterra.

Expulso o holandês (1654) e finda a União Ibérica, o Brasil já estava feito, com seus elementos existenciais bem definidos. Contudo, sobrevêm uma nova fase colonial, a de exploração da sua metrópole já refém da Inglaterra, a viver parasitariamente do Brasil. Desse momento em diante, o nacionalismo brasileiro se pautará na busca de um Estado Nacional (aspecto material) que expresse a defesa dos interesses econômicos do país. Diogo Lopes Santhiago, que escreveu História da Guerra de Pernambuco em 1661, registra:
“[....] Passado o primeiro momento de entusiasmo, os reinóis quiseram reassumir a sua atitude de superioridade e proteção. Data daí a irreparável e irreprimível separação entre pernambucanos e portugueses."

E disso resultará a histórica declaração no Senado de Olinda em 1710, conclamando os pernambucanos a se libertarem do julgo português, declarando solenemente, pela primeira vez nas américas, a independência do Brasil, manifestando-se pela instituição de uma República nos moldes aristocráticos dos Estados republicanos da Holanda e Veneza. Independência e República no mesmo discurso, nada mais nada menos é o que se estabelece nessa memorável assembléia.

Todas as outras revoltas nativistas ocorridas no Brasil, não por acaso, ocorridas após o fim da União Ibérica, momento em que Portugal (sob a mão inglesa) se volta para o Brasil numa exploração predatória, se opera sob reivindicação de matiz republicana. Assim sentencia Manoel Bomfim:
“[....] verifica-se que, justamente um século antes das luta que se converteu em reivindicação nacional, justamente nos dois centros de formação brasileira, se desencadearam, ao mesmo tempo, lutas explicitamente nacionalistas: por parte dos paulistas que, brasilicamente, designavam os portugueses como forasteiros; por parte dos pernambucanos que, desdenhosamente, nomeavam os reinós de mercantis – mascates, e chegaram a falar em independência.... Admita-se no entanto, que tais lutas ainda não sejam esforços para independência: é inegável que nos fins do Séc XVIII, com os companheiros de Tiradentes, há uma explícita reivindicação de emancipação nacional. Notemos ainda, que em todos esses movimentos, a forma esboçada política é a da República. E assim se forma a nossa tradição de autonomia nacional.”

Esse sentir nacionalista, brasileiro, é expresso pela escola arcádica brasileira (1768), note mais uma vez a precocidade nacional brasileira, é a primeira escola literária de teor nacional nas américas! Herdeiros da pregação republicana de Felipe dos Santos com a Revolta de Vila Rica (1720) e eles próprios: inconfidentes mineiros. Com eles a história colonial é valorizada, pondo a colônia como centro das atenções em meio à descrição da paisagem tropical do país e a inserção do índio como herói. Assim delineando uma literatura nacionalista brasileira.

O caráter republicano do nacionalismo brasileiro, se contrapõe a monarquia, seja com Portugal, seja após 1822, que opera em defesa dos interesses portugueses, ou mais do que isso ingleses. Portugal aparece como mero intermediário, atravessador, dessa relação em franco benefício da Inglaterra. Mesmo após a independência política de 1822, a reivindicação de emancipação econômica ainda será o principal reclame dos nacionalistas brasileiros sob matiz republicana nas revoltas que se seguirão ao longo do I e II Império.

O movimento republicano, sob influxo positivista, é reflexo direto das reivindicações nacionalistas da época. Reivindica-se um Estado forte, interventor, militarista, e científico capaz de tirar o Brasil do atraso na qual a monarquia afundara o Brasil com sua política liberal. Na literatura, Lima Barreto representa o típico nacionalista brasileiro do período, positivista, na figura de seu personagem Policarpo Quaresma, embora sob crítica velada, julgando-os como inocentes úteis nas mãos de Floriano. Oque não eram em absoluto. Mais realista, é o próprio Floriano Peixoto, personificação do homem nacionalista brasileiro, enérgico e dotado da lendária impavidez tupi, enfrentando e contrariando as pretensões imperialistas das potências da época. A formação dos batalhões patrióticos formados pelos clubes jacobinos, com adesão massiva da população aos ideais republicanos.

A Revolução Acreana, em 1907, foi um dos mais belos episódios da nossa história, a população se mobilizou na defesa do território em disputa, uma expedição de poetas e voluntários partem para a campanha no Acre, sem preparo é desbaratada logo no primeiro combate, as energias não se desvanecem, segue Plácido de Castro que irá organizar junto aos seringueiros locais um verdadeiro exército independente, o próprio Getúlio Vargas, então cadete do exército, que acabara de pedir baixa, suspende o pedido, e segue para o mato-grosso e lá fica de prontidão aguardando ordens de seguir para o Acre. Contudo, vacilante, o governo federal não envia tropas, e  Plácido de Castro juntamente com os aguerridos seringueiros após penosa e heróica campanha, batem sozinhos as tropas bolivianas e arrancam o Acre para o Brasil.

Com a Revolução de 30, o movimento Queremista e posteriormente com a campanha o "Petróleo é Nosso!" especialmente, as manifestações populares se mostram cada vez mais vivas em defesa do nacionalismo, em autênticos movimentos de massas, personificados em Getúlio Vargas:
"Só os países economicamente fortes são verdadeiramente livres. E é essa liberdade que desejo dar ao meu país". - Getúlio Vargas.

Nesse período o Brasil se industrializa, ainda que parcialmente, não atinge o apogeu industrial e tecnológico almejado por Vargas e os nacionalistas em torno dele. A instituição do Estado Novo (1937) foi a fundação de um autêntico Estado brasileiro, original, plasmado no castilhismo, sem copiar modelos externos, sonhado desde a proclamação da República: um Estado forte, militarizado e científico. Porém esse Estado, terá vida curta. Não cumpre se quer uma década de vida, e é vítima da traição fomentada pelos EUA no seio das forças armadas depondo Getúlio em 45. O imperialismo ganha contornos mais sutis e ao mesmo tempo mais poderosos com o aliciamento de membros dentro do Estado e das forças armadas, concomitante a extensão das relações das multinacionais com nacionais como representantes de seus interesses comerciais dentro do país. Caso ilustrativo é o de João Neves da Fontoura, que traindo Getúlio, seu ex-ministro das relações exteriores, se associou a Standart Oil, como presidente da Ultra-Gás, sendo ferrenho opositor da campanha do "O Petróleo é Nosso!" e militando pela UDN pelo resto de sua vida política, fazendo a defesa dos interesses estrangeiros contra o Brasil.

Desse momento em diante, o PTB será o bastião de defesa do legado getulista, condensando em torno de si as forças nacionalistas. O PTB eleição pós eleição cresce em todo país. A UDN frustrada em seus planos em 54, com o inesperado desfecho de Getúlio e incapaz de vencer nas urnas, recorre sistematicamente ao golpe para ascender ao poder por intermédio de uma ála liberal do exército . Nas eleições de 62 o PTB emparelha com o PSD como os 2 maiores partidos do país, com a projeção de já nas eleições de 65 vir a se tornar o maior partido do país e com Brizola sendo francamente favorito para presidência. Mais uma vez, com auxílio dos EUA, a UDN juntamente com todos os outros principais partidos se mancomunam contra o PTB, e desferem o famigerado golpe de 64. Goulart e Brizola, como outros trabalhistas, são forçados ao exílio, empresários e militares nacionalistas são perseguidos, exonerados, cassados, empresas nacionais são fechadas, quando não sabotadas. Os setores da indústria de bens de capital, são entregues as multinacionais. Nos governos militares, o salário-mínimo é defasado, cai o poder de compra da população, decai o mercado interno, houve um exponencial aumento do endividamento externo, o sucateamento do ensino público a partir de 1972, o êxodo rural com o conseqüente inchaço populacional das grandes cidades e a explosão da criminalidade urbana e a favelização.

Excepcionalmente, ao contrário dos outros presidentes-militares, o  governo Geisel, no que pese não chegar a se caracterizar como nacionalista, emplaca vários aspirações nacionalistas, como a reserva de mercado do setor de informática, a soberania do Brasil sobre sua plataforma marítima e as 200 milhas marítimas (ZEE - Zona Economicamente Exclusiva) que suscitou a chamada "guerra da lagosta" por não permitir barcos franceses pescarem dentro da nossa ZEE, além do início do programa nuclear com fins militares, e o  desenvolvimento da indústria bélica brasileira, o Brasil chegou a ser o sexto maior fabricante de armas do mundo.  Em grande parte Geisel aproveitou o programa de Goulart e implementou. As razões de Geisel ter se aproximado de um governo nacionalista, algo surpreendente pelo seu histórico liberal, foi, talvez, sua passagem a frente da Petrobrás que tenha lhe dado uma visão mais técnica e necessária para o desenvolvimento nacional, oque é muito claro na incorporação das 200 milhas marítimas.   

Ante a ameaça de desenvolvimento da tecnologia nuclear pelo governo militar, os EUA por intermédio de seus agentes internos, pressionam pelo fim do regime. E para anular o ressurgimento do ideário nacionalista de Getúlio, encarnado na figura de Brizola. Criam o PT para esvaziar o Trabalhismo-getulista, e não basta-se retiram a histórica legenda PTB do Brizola, que restará por fundar o PDT. Nas eleições de 89, Brizola por muito pouco e mesmo sob um suspeitíssimo resultado eleitoral, não consegue ir ao segundo turno. Vence Fernando Collor que inicia o processo de abertura econômica e que terá nos governos do PSDB de FHC seu auge, levando a aumentos cada vez maiores de concentração de renda e um acentuado processo de desindustrialização.

Com o governo Lula (2003-2011), sua política foi muito similar a do Geisel, talvez não por acaso o elogio do Lula ao período militar. Seu governo manteve o favorecimento da oligarquia financeira que se instalara com o PSDB, contudo avançou bastante em áreas estratégicas. A indústria bélica que se encontrava as portas da bancarrota, foi salva, desenvolvendo-se uma indústria de defesa autônoma, com absorção de tecnologias avançadas e inúmeras possibilidades abertas com a quase consolidação dos BRICS. Lula fez sair do papel os sonhado submarino nuclear, fundamental para defesa da ZEE e do próprio país, mesmo a frota de submarinos convencionais da classe Tupi foi melhorada, os veículos blindados do exército recebeu uma nova frota, os blindados Guaranis, de fabricação nacional, ante a já superada mas exitosa classe cascavel, a EMBRAER preparava-se para construir e concomitante desenvolver caças nacionais, o Gripen-BR, com a incorporação de aviônicos e armamentos inteiramente nacionais, a tecnologia de mísseis de longa distancia deu um salto sem precedentes, da qual país nenhum do hemisfério sul detém e muito poucos dos países atualmente desenvolvidos, incrementou e lançou satélites próprios de comunicação de geofísicos, a tecnologia de informática foi inaugurada com a criação de um dos poucos centros no mundo de fabricação de micro-processadores.  Com a descoberta do pré-sal, o país se projetava como um dos futuros grandes produtores de energia, desenvolvendo paralelamente uma indústria naval potente e uma grande cadeia de fornecedores para as mais diversas necessidades, de máquinas, equipamentos, caldeiraria a sistemas informatizados de ponta. Os arquivos da Odebrecht, a frente tanto da nossa indústria de defesa, como de infra-estrutura, revelavam influência no México, Peru, Equador, Argentina, Colômbia, Guatemala, República Dominicana e Panamá, nas eleições de vários países da região, na esteira da ampliação da influência diplomática brasileira, além da notável expansão das empreiteiras na África e América Latina. Nascia uma nova potência.

Com o Golpe de 2016, o país é alçado ao mais absoluto processo colonial, todos os avanços tanto da éra Vargas como do período Lula estão sendo rapidamente destruídos, com o arrasamento completo de seu parque industrial e a destruição do setor de infra-estrutura, direitos trabalhistas e previdenciários extintos. As instituições políticas, em todas as searas, se encontram apodrecidas e sob controle externo. Chegamos a "gangrena obscura" anterior a 30, de que nos alertava Getúlio sobre os intuitos da oposição alinhada aos interesses externos, ontem representada pela UDN, na atualidade pelas diversas siglas a comungarem com o credo liberal.

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sábado, 3 de março de 2018

Sangue e Tradição - As Características do Nacionalismo Brasileiro

“Lembrai aos seus descendentes que também são soldados, que não deveis desertar das fileiras de seus antepassados, ou por covardia, recuar.”

Platão


Uma Tradição é a condição essencial para que se confira caráter a uma coletividade humana e assim se distingua como nação. E é essa tradição, que sustenta a existência de uma entidade coletiva quando uma força exógena ou interna, a ameaça. O nacionalismo surge assim como reação ideológica consciente de defesa de seus interesses, não só material, mas como expressão viva em sua afirmação de existência.

nação é um agrupamento humano, unificado, que goza de uma origem comum, como explanamos em outras ocasiões: Nacionalidade e Nacionalismo. Oque implica, necessariamente, em laços de consanguinidade, bem como na consciência de comunhão desses laços, e sua consequente unificação política. Temos aí três elementos: 1. uma origem comum;  2. consciência de existência nacional; e 3. unidade política.

Já o nacionalismo, se manifesta uma vez existente a nação, atuando na defesa do interesse nacional. Sendo expressão ideológica dessa consciência nacional, constituindo assim, uma ideologia, uma ideologia que necessariamente zele pela sua preservação em todos seus aspectos materiais e existenciais.

Os aspectos materiais envolvem a defesa dos meios materiais da nação: um território, a pátria, que constitui a defesa de sua terra ancestral, de seus pais, ou mesmo eventualmente uma expansão territorial, quando necessária para assegurar sua existência. A constituição de um Estado.  Mas não só, dentro dos meios materiais esta incluso todo arcabouço tecnológico, industrial, recursos minerais ou vegetais e por assim dizer econômicos de que precise a nação para seu desenvolvimento e bem estar.

Os aspectos existenciais, se ligam a defesa da nação como entidade nacional, sua constituição, em sua afirmação de existência. Entram aí os elementos caracterizadores da formação da nacionalidade, em seus mais variados aspectos: étnico, religioso, psíquico, linguístico, etc..

No séc. XVIII, quando normandos franceses, holandeses e ingleses quiseram se estabelecer nessas costas, Portugal já havia desaparecido como nação soberana abatido pelo inimigo tradicional - Castelha. Não seria o seu influxo que sustentaria a nova pátria, naquela luta de morte, com os povos mais fortes do mundo. A descoberta e conquista da terra, as façanhas bandeirantes, a defesa contra o invasor, deram lugar a uma consciência comum, a um sentimento da figura do brasileiro. É nessa época que floresce a consciência histórica no brasileiro e quando o país toma sua configuração territorial, com o Tratado de Madrid, conduzido pelo brasileiro Alexandre de Gusmão.

Nesse sentido, o nacionalismo brasileiro por já constituir, de longa data, uma nação plenamente solidificada, a mais antiga das Américas, e mesmo de tantas quantas existentes na Europa. Não evidencia tanto o aspecto existencial na contemporaneidade, porque já cumpriu no passado esse papel. E por assim, mais se notabilizar, nos últimos tempos, pela defesa econômica.

Resta a demanda de um Estado Nacional próprio, que defenda os interesses nacionais, brasileiros, que será sob a forma de República:
“[....] verifica-se que, justamente um século antes das luta que se converteu em reivindicação nacional, justamente nos dois centros de formação brasileira, se desencadearam, ao mesmo tempo, lutas explicitamente nacionalistas: por parte dos paulistas que, brasilicamente, designavam os portugueses como forasteiros; por parte dos pernambucanos que, desdenhosamente, nomeavam os reinós de mercantis – mascates, e chegaram a falar em independência.... Admita-se no entanto, que tais lutas ainda não sejam esforços para independência: é inegável que nos fins do Séc XVIII, com os companheiros de Tiradentes, há uma explícita reivindicação de emancipação nacional. Notemos ainda, que em todos esses movimentos, a forma esboçada política é a da República. E assim se forma a nossa tradição de autonomia nacional.” - Manoel Bomfim.
Esse regime político republicano tomará sua maturidade com o Castilhismo, único sistema político verdadeiramente brasileiro, nas figuras de Floriano Peixoto e Getúlio Vargas no plano nacional, a se sagrar com a Constituição de 1937.

Na antiguidade, três elementos eram essenciais para caracterização de uma etnia (do grego: έθνος ethnos, povo): 1. origem comum; 2. língua e;  3. credo. A considerar que etnia é distinto de nação. Na etnia, embora um povo comungue desses três elementos, eles não se encontram unificados politicamente, caso dos helenos na Grécia clássica. Assim, os povos helênicos configuravam uma etnia, porque tinham uma mesma origem, uma mesma língua, e professavam o mesmo credo.  Mas não constituíram uma nação, porque não se unificaram politicamente. O mesmo ocorreu com os celtas, constituíam uma etnia mas não uma nação, porque lhes faltou unidade política, falta que os condenou a caírem subjugados por outros povos. Porém, uma vez que se unifiquem, formam uma nação. Então, tomando como parâmetro esses três elementos, e aplicando-os aos brasileiros, vemos com clareza os elementos caracterizadores da etnia brasileira: uma origem luso-tupi que se soma uma importante contribuição banta, a língua portuguesa e a religião católica. 

Uma origem comum, como já tratamos em outras oportunidades, não se confunde com raça, que é uma uniformidade de biotipo, mas sim com uma ancestralidade comum. Oque é bem caracterizado na formação brasileira pelo entrelaçamento lusitano e tupi, presentes em todo o território nacional e em maior ou menor grau também o elemento banto. 


O brasileiro, filho de pai norte-português, mãe tupi,
 língua galaico-portuguesa e fé católico-medieval.
Quanto a língua, foi o tupi a língua de nossa formação nacional, e um dos grandes fatores de unidade nacional. Falado do Amazonas ao Prata. Poucas línguas primitivas no curso da história, cobriu uma área geográfica tão extensa quanto o tupi. Seu largo emprego até meados do Séc. VXIII, mesmo por brancos, evidencia o grau de assimilação desses com o elemento nativo, e sua inserção na civilização que aqui se formava, ao mesmo tempo que desmente a falácia de que a população indígena fora exterminada. A língua foi fator também importantíssimo para incorporação de agrupamentos indígenas isolados ao longo de nossa formação, que ao tomarem contato com gente de mesma língua, se identificavam, e se deixavam absorver na civilização que se criava, a brasileira. O português se impôs pelo contínuo fluxo de portugueses para o Brasil, que com a descoberta das minas, viu atingir seu pico, concomitante a uma explosão demográfica no Minho que despejou para o Brasil uma das maiores levas humanas ocorridas na história. A adoção do português como língua nacional, note.... de maneira uniforme em todo o país! Atesta, mais uma vez, a unidade nacional brasileira, diferente do que se observa nas colônias de Espanha, em que populações nativas inteiras, viviam apartadas, formando castas sociais, e que por isso, ainda hoje, conservam, como uso franco, suas respectivas línguas nativas.  

A questão criada por Lima Barreto, em sua obra "Policarpo Quaresma", de que o português não nos é próprio, é coisa sem base. Tanto o tupi como o português, nos são legítimos, porque descendemos das duas cepas, além de serem parte de nossa formação nacional. Diferente seria, se nos fosse imposto falar inglês, posto não descendermos de ingleses. Como ocorre na Nigéria em que sua população não tem descendência inglesa, logo a língua inglesa é um corpo estranho, sem elos com sua etnia e nacionalidade. 

Não se pode se dizer nacionalista quem renega suas origens. Só se concebe um brasileiro católico, porque essa é a religião de sua ancestralidade, de sua identidade nacional, a qual deve honrar e manter. O genuíno catolicismo de um brasileiro é o popular, irmanado com seu povo, legado pelas gerações passadas, Tradicional, com a qual se conecta com tradições imemoriais de sua linhagem, de sua nacionalidade, perenizando o veio antigo e comum. 

Credos de matiz protestante ou qualquer outras alheias a nossa formação, são peremptoriamente descartáveis, posto serem elementos anti-nacionais, que ferem e rompem com a identidade nacional. Notadamente as seitas neopetencostais que se proliferam no Brasil e na ibero-américa, ovos da serpente. 

Crenças revivalistas, de cunho pagãs, desde que deite raízes em nossa linhagem nacional são legítimas, como é o caso da antiga fé Keltaika, ou eventualmente de matiz tupi ou banta. O candomblé deve ser rejeitado, pois vem pro Brasil tardiamente no Séc. XIX, quando o Brasil já estava feito, por escravos do golfo da guiné, iorubás, que foi um contingente ínfimo na formação brasileira, restrita ao recôncavo baiano, e mesmo lá, minoritária, e portanto não constituinte da nossa formação nacional.

O mesmo princípio se aplica a todas as searas de manifestação da cultura nacional: música, literatura, língua, arquitetura, vestuário.... tudo! Absolutamente tudo que implique expressão humana advinda de um brasileiro, deve se lastrear em suas tradições. 

Em fim, o aspecto cultural, é indissociável do étnico para o nacionalismo, pois somente é autêntico, quando oriundo de suas tradições orgânicas, porque só a transmissão cultural que se opera de geração para geração é caracterizadora de sua identidade nacional. Se uma cultura apresenta elementos estranhos a sua linhagem, trata-se de algo artificial, e portanto ilegítima, descaracterizadora de sua nacionalidade, e como tal, deve ser descartada.

Portanto, sendo o nacionalismo a manifestação consciente da nacionalidade, não se pode alcunhar de nacionalista eventual ideologia que não expresse seus elementos constituintes, seja em seu aspecto material ou existencial. Assim, o nacionalismo brasileiro deve expressar, necessariamente, a defesa de seus elementos caracterizadores, qual seja, a: perpetuação de sua descendência, Sangue; a defesa da Língua de seus pais, o português; e o Credo de seus ancestrais, a religião Católica Apostólica Romana.



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