terça-feira, 1 de agosto de 2017

O Governo Oculto - O Conselho de Inteligência dos EUA - USIB e Sua Atuação no Golpe de 64.



Os 12 integrantes dessa foto acima compunham o Conselho de Inteligência dos EUA (USIB), uma espécie de tribunal superior, instância última na guarda dos segredos do governo invisível dos EUA. E que à época desta foto, no curso do governo Richard Nixon, era presidido por William Colby, então Diretor Central de Inteligência (e da CIA) – o terceiro, a partir da esquerda. 


Quem está à direita de Colby na foto é seu então adjunto e vice-diretor da CIA, general Vernon Walters, em parte, premiado com esse cargo pelos bons serviços prestados em favor do sucesso em 1964 do golpe militar que pôs fim à democracia no Brasil (ele conseguiu também instalar como primeiro  dos cinco presidentes dos 20 anos de ditadura, o amigo Humberto de Alencar Castello Branco).


Os demais são (não nesta ordem) o secretário-executivo do USIB, representantes dos departamentos de Estado, do Tesouro, do FBI (Justiça), da AEC (Comissão de Energia Atômica), da DIA, da NSA e da Inteligência do Exército, Marinha e Força  Aérea.

Vernon Walters e Castelo Branco
Castelo Branco foi aliciado por Vernon Walters na Itália, quando serviu como oficial na FEB. Ambos maçons, Walters foi designado expressamente para cooptar oficiais brasileiros, já com propósito de derrubar Getúlio e implantar um governo títere no Brasil.

Vernon Walters, teve destacado papel na articulação e na logística do golpe de 64 junto ao Castelo Branco e outros oficiais golpistas, todos maçons, egressos da universidade de Souborne.

Em documentos divulgados pelo historiador Carlos Fico, em sua obra "O Grande Irmão",  que traz a tona uma verdadeira coletânea de documentos secretos, de análise ultra-científica, acerca do processo de Deposição de Goulart e a relação, desse processo, com a intervenção norte-americana. Carlos Fico reporta sobre o recebimento de armas, não americanas, afim de suprir as forças golpistas em caso de um cenário de beligerancia contra as forças legalistas:


“ao contrário das negativas de envolvimento de brasileiros na operação Brother San, havia um contato brasileiro cuidando da entrega de armas, munições e combustível, o General de Brigada José Pinheiro de Ulhoa Cintra, um dos grandes revolucionários do Exército {...} descrito por Costa e Silva como “ um homem violento e querendo fazer bobagem”. O General Cintra deveria fazer uma avaliação da necessidade suplementar de armas e avisar Vernon Walters, adido militar estadunidense, conhecido de Castelo Branco desde a II Guerra." - Carlos Fico.

O historiador cita ainda que:

“segundo o Embaixador Gordan, os equipamentos dos militares e da policia eram obsoletos e as Forças Policiais do País seriam incapazes de arcar com distúrbios internos sérios sem a ajuda do Exército."

E continua:

“Por causa dessas insuficiências e da iminência do Golpe, o Embaixador Gorgan sureriria ao governo norte-americano, dias depois, em outro documento, que se fizesse uma entrega clandestina de armas de origem não-americana (para impedir identificação e evitar acusações de intervencionismo) a serem repassada aos cúmplices de Castelo Branco em São Paulo, nada muito diferente do que já vinha sendo previsto desde de o plano de contingências do final de 63.”

Dado o golpe de 64, não temos mais um governo nacional, brasileiro, são meros prepostos dos interesses estrangeiros, mesmo, o período Geisel, que procurou ser mais desenvolvimentista, não quebrou essa linha de subjulgação com os EUA. O alegado reatamento de laços com Estados comunistas (Angola e Moçambique), como "prova" de uma suposta independência externa, nada mais foi do que o cumprimento de desígnios do próprio EUA, interessados no desmembramento das colonias portuguesas na África. Entrevistas e declarações do Geisel e do Fiqueiredo, no curso da "abertura", revelam descontentamento com o processo de redemocratização, embora resignados a dar cumprimento.  Não haviam forças capazes de depor os militares, se não um ente maior..... quem então poderia ter impelido esse processo? O mesmo, que o puseram no poder.


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