quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A Consolidação da República!

“Jacobino é o termo de que se valem á guisa de baldão todos os inimigos da Pátria, todos os abutres carniceiros [...] para deprimir os que commettem o grande crime de trabalhar com amor e fé na obra santa da nossa regeneração social, para enxovalhar os que almejam a glorificação da nossa nacionalidade e a consolidação da forma de governo inaugurada a 15 de Novembro. [...]. Malevolamente deram a esses patriotas o nome de jacobinos, procurando assim os inimigos aproximá-lo do partido de igual nome que outrora existio em França, sem curar da propriedade histórica do termo, nem do antagonismo de suas respectivas doutrinas, pois era de conveniência desprestigiar-se a briosa mocidade que levou a effeito uma das mais gloriosas resistências [...]. E a intenção estigmativa do termo ainda perdura e, generalisando-se, vae apanhar até os mais moderados espíritos, desde que estes se apliquem ao bem estar social e mostrem estimar a República.” - Annibal Mascarenhas, ‘Jacobinos’, O Nacional, 17/10/1895, n. 114, capa.


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O advento da República ao contrário do que se propaga, não foi um evento aonde a população “assistiu bestializada”, mas sim um dos raros momentos em que houve uma forte mobilização popular quando chegou o momento de defendê-la.
É quando se observa o surgimento dos Batalhões Patrióticos durante a revolta da armada.  Formam-se os clubes jacobinos pelo país a fora, compostos exclusivamente por brasileiros natos. Esses clubes deram origens aos batalhões, uma espécie de milícia organizada para defender a República e difundir seus ideais. Organizavam reuniões, protestos, atos bélicos. Sua imprensa era atuante e disseminada por todo país. O movimento tinha como principais características:
1. A paixão pela República.
2. O Nacionalismo
3. O militarismo
4. A Defesa do Presidencialismo e de um governante forte.
No período de implantação da República, a nova instituição era atacada por monarquistas desalojados do poder, representantes dos interesses portugueses, especialmente no privilégio comercial, mantido no correr de todo o Império, daí o destacado caráter anti-lusitano desses republicanos. De outro lado o Brasil passava por conturbadas relações com as grandes potências (invasão do Amapá pela França e da ilha de Trindade pela Inglaterra) bem como nas pressões internacionais, especialmente dos Rotchshilds, por mudanças da legislação financeira do País, no que uma República nacionalista e militarizada, se apresentava como capaz de resistir as ameaças internacionais.
É com Floriano Peixoto que esse modelo se materializa. Forja-se um nacionalismo militante, a defesa da república empolga a população: o povo se engajou em sua defesa, integrando os batalhões republicanos, participando de comícios e manifestações, houve uma mobilização espontânea!
Durante o governo de Floriano, especialmente na revolta da Armada, dão-se confrontos com países como França, Portugal e Inglaterra, os quais viam com desconfiança a República, militarista, em relação a pacífica monarquia. Estas nações alarmam-se com os combates; ameaçam o país, temendo pelos seus negócios. A ameaça de intervenção, como a da Inglaterra, são relatados com veemência e indignação no congresso e nos jornais pelos Jacobinos. Que a ideia de invasão estrangeira no Brasil não era um delírio xenófobo será demonstrado já no ano de 1895, quando os ingleses invadem a ilha de Trindade e os franceses o Amapá. Essas invasões aliás, inserem-se na conjuntura internacional, que era de expansão imperialista: em 1893, Daomé(Benin) foi incorporado a França e o Havaí aos EUA. Em 1894, a Itália, invade a Abissínia. Há lutas aqui também na América Latina: em 1895, José Martí, lidera a revolução contra a Espanha em Cuba.
Floriano reagiu com energia as investidas estrangeiras, ameaçando “responder à bala” às ameaças de invasão.
Então, é entorno de Floriano que se funde as correntes que irão sustentá-lo: jacobinos e positivistas que ao fim chamar-se-ão “floranistas”.
Do pensamento jacobino(designação imprópria em referência ao movimento francês e que não reflete o brasileiro) será incorporado seus princípios democráticos, de tomada de decisões em praça pública, o princípio de participação direta dos cidadãos nos negócios públicos, um escamotiamento do pensamento positivista do “dictator perpétuo”, isso ocorre mesmo como adaptação as instituições republicanas, materializada na Constituição do Rio Grande do Sul de 1891 que estabelece a reeleição ilimitada no cargo de Presidente (atual governador) do Estado. Outro aspecto incorporado, será o militarismo também rejeitando o pensamento pacifista dos positivistas, as circunstâncias históricas também impeliram para isso ante a “Revolução Federalista” e a “Revolta da Armada”, bem como o expansionismo imperialista das potências na época.
Do positivismo se herda o ideal de governante austero e de modernização do Estado.
É nesse cenário que se dará o embate entre 2 modelos republicanos: o Brasileiro de feição Positivista e o Estadunidense de feição Liberal. (Ver: O Modelo Republicano Brasileiro x O modelo Republicano Estadunidense).