quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O Despertar de Ariano Suassuna para a Cultura Brasileira.

Trecho de uma entrevista com Ariano Suassuna, em que discorre sobre a alienação cultural imposta a nossa juventude.

ENTREVISTADOR: O senhor acha que hoje em dia um jovem, uma criança, que cresce navegando na internet, sob uma avalanche de filmes americanos, comendo na McDonald’s e indo a shopping centers, tem condições de ter essa visão que o senhor teve da cultura brasileira quando menino? É possível que esse menino de hoje possa ver isso?

ARIANO: Eu acho que não. Agora, isso vai depender muito do menino. Porque, veja bem, eu não fui imune a esse tipo de coisa. Eu não sei se você viu, como eu, um filme chamado Gunga Din, dos anos 40 ou 50. Esse filme é baseado num poema de Kipling, um poeta inglês da era vitoriana, um poeta do imperialismo inglês. Kipling era inclusive nascido na Índia, filho de um oficial inglês que servia na Índia. Pois, meu amigo, foi preciso um esforço de reflexão muito grande de minha parte para eu ver como aquele filme é imoral, indecente, é um filme inimigo do terceiro mundo, inimigo de todos nós, inimigo do Brasil. E eu não via isso, eu chorava...

Ficou envolvido...

Claro, como qualquer menino hoje, diante de Rambo ou de qualquer outra coisa. Aí você lembre bem, o vilão do filme é um líder nacionalista, religioso. É apresentado como um fanático. É o que eles estão fazendo com Bin Laden. Então, ele é apresentado como um bandido. O herói é o indiano traidor, Gunga Din, cuja vontade era entrar no exército inglês e eles não deixavam porque ele era negro. Eles preparam uma emboscada, o exército inglês vem por um desfiladeiro e quando Gunga Din vê que o exército inglês vai cair na emboscada dos indianos, pega uma corneta, sobe numa torre e dá o toque de alarma. Os indianos atiram nele e ele morre, mas o exército inglês escapa da emboscada e vence... No fim do filme, é recitado o poema do Kipling: “Durante o tempo em que eu fui soldado de sua majestade, a Rainha, nunca conheci herói maior do que Gunga Din, Din, Din”. E eu chorava emocionado com pena de Gunga Din, com a cena final do enterro de Gunga Din, admitido post mortem como soldado e promovido a cabo (risos). Então, eu passei por uma lavagem cerebral e tive de refletir que eu, ficando com aquela visão que eles queriam, eu estaria contra Ghandi, Nehru e todos aqueles que fizeram a libertação da Índia.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Criação da PETROBRÁS dentro da Concepção Castilhista por Getúlio Vargas.

O Projeto Castilhista no campo econômico contemplava a atuação direta do Estado na administração da Economia, tomando para si os setores estratégicos afim de promover o desenvolvimento nacional.

Em consonância com a necessidade de criar vias para a industrialização do Brasil, Vargas buscou alicerçar as bases para que essa expansão industrial pudesse ocorrer, por meio do estabelecimento de uma ampla e eficiente rede de infra-estrutura. Fazia-se prioritário, então, que o país formasse suas fontes energéticas de maneira consistente, evitando rupturas no processo de expansão industrial. De outro lado, destacava-se um novo projeto como fundamental para a autonomia industrial do país, o desenvolvimento nacional da produção petrolífera.

Ainda durante o governo provisório de Vargas em 1934, foram instituídos o: Código de Minas e o Código de Águas, ambos seguindo a linha ideológica de instituir uma legislação controladora sobre os recursos naturais e econômicos do país, sob tutela do Estado. Essas medidas indicavam uma guinada política para o nacionalismo com a regulamentação das reservas naturais, cujo objetivo era mantê-las sobre controle absoluto do governo.

No que diz respeito a criação do Código de Minas, este buscava superar as dificuldades existentes durante a Primeira República durante a vigência da Constituição de 1891 que: “colocava a riqueza do subsolo nas mãos dos proprietários rurais” (SMITH, 1978: 29).

Desde então, tanto os proprietários rurais como os estados perdiam o controle das minas e da mineração para o governo federal. A centralização das pesquisas petrolíferas logo causou desconforto para alguns empresários, como Monteiro Lobato. Para o escritor as posições do Departamento Nacional de Produção Mineralógicas (DNPM), formado em 1934 para controlar as pesquisas no setor petrolífero, desestimulavam propositalmente os empresários nacionais no investimento em pesquisas de busca do petróleo, como forma de manter o Brasil como contínuo importador. Os poucos indícios de existência de petróleo no país, para Monteiro Lobato em seu livro O Escândalo do Petróleo, refletia nos interesses dos trustes que “haviam instalado companhias testa-de-ferro para criar obstáculos ao esforço nacional de pesquisa” (SMITH, 1978: 48). Monteiro Lobato defendia a exploração do petróleo pela iniciativa privada, contraposto ao elo estatizante do Estado empresário e centralizador da concepção castilhista. Em meio aos debates entre Monteiro Lobato e o DNPM, em 1937 foi apresentada a Constituição do Estado Novo, cuja característica era ser ainda mais nacionalista e centralista que a anterior de 1934.

Estipulava, por exemplo, que somente brasileiros poderiam possuir ações das companhias petrolíferas ou mineradoras nacionais; nenhum capital estrangeiro poderia participar, nem tampouco capital nacional pertencente a estrangeiros que residissem e se enriquecessem no Brasil (SMITH, 1978: 49).

Mesmo antes de 1937, ainda sem implantar a nova Constituição, Vargas alteraria a estrutura tarifária para importar óleo cru e óleo combustível, ao invés de produtos refinados como gasolina e óleos lubrificantes, para incentivar a criação da indústria petrolífera nacional. Em menos de dois anos, de 1935 a 1937, o estímulo ao processamento do refino no país era bem sucedido, com a implantação de 25 usinas

destiladoras de óleo diesel, sendo que pelo menos quatro delas também processavam óleo cru e podiam ser assim chamadas de refinarias.

Assim, o ano de 1938 seguia à implantação de políticas nacionalistas, pois com o Estado Novo, o governo Vargas promulgou vários decretos que salientaram o nacionalismo da Constituição de 1937. Entre esses decretos, três tratavam exclusivamente sobre o petróleo: o Decreto-Lei 366 declarava todos os campos petrolíferos em território nacional como propriedade do Governo Federal; o Decreto-Lei 395 declarava o suprimento de petróleo como utilidade pública, e para tanto a refinação foi nacionalizada e criou-se o Conselho Nacional do Petróleo (CNP); e finalmente, o Decreto-Lei 538 determinava que o CNP seria o responsável pela pesquisa e busca do petróleo brasileiro (SMITH, 1978: 51).

Em 1939, na região de Lobato no Recôncavo Baiano, foram descobertos os primeiros poços de petróleo no Brasil. Com a descoberta do petróleo o governo logo se mobilizou para controlar a produção com a promulgação do Decreto-lei 3701 de 8 de fevereiro de 1939, que determinava que todos os depósitos de petróleo do Recôncavo, num raio de 60 quilômetros do Poço 163 (o poço pioneiro), eram torna dos reserva nacional, cabendo apenas ao CNP a pesquisa de toda a área (SMITH, 1978: 53).

Em 1940, seguindo a linha de nacionalização dos recursos minerais, Vargas implementou dois atos legislativos de grande importância: o Decreto-lei nº 1985, de 29 de janeiro de 1940, que estabelecia o novo “Código de Minas” da União, que tinha como ponto de partida aquele de 1934:

“a jazida mineral é bem imóvel, distinta e não integrante do solo. A propriedade da superfície abrangerá a do subsolo na forma do direito comum, não incluindo, porém, nesta a das substâncias minerais ou fósseis úteis à indústria (art. 4o.). Quanto aos direitos de pesquisa, cabe exclusivamente ao governo da União autorizá-la, e só para brasileiros, pessoas naturais e jurídicas, constituídas estas de sócios ou acionistas brasileiros” (art. 5o. e 6o.) (COHN, 1968: 53).

Já com o Decreto-lei n.º 3236, de 7 de maio de 1941, dizia que: as jazidas de petróleo e gases naturais existentes no território nacional pertenciam apenas à União, “a título de domínio privado imprescritível” (art. 18).

Durante o governo Dutra, diante da pressão de trustes internacionais, a reação nacionalista toma corpo com a Campanha “O Petróleo é Nosso!” que ganha a ruas, de um lado estavam os “entreguistas” que defendiam a exploração por estrangeiros, e de outro lado os “nacionalistas” que defendiam a exploração do petróleo pelo Estado.

Diante das pressões externas e dos grupos internos aliciados por trustes internacionais que “compraram” vários jornais, políticos e supostos “empresários” afim de defenderem seus interesses para obstacularizarem a criação da Petrobrás. Vargas buscou uma saída conciliatória e no final do ano de 1951 enviou à Câmara dos Deputados uma nova proposição de uma lei completa do petróleo. O projeto criava uma companhia mista, Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima (Petrobrás), que teria o monopólio de todas as fases da indústria nacional do petróleo exceto a distribuição (SMITH, 1978: 93).

Levaria ainda mais um ano para que o Projeto 1516/51 fosse aprovado em 15 de setembro de 1953, praticamente na mesma forma em que fora levado ao Senado um ano antes; o Presidente Vargas assinou-o em 3 de outubro de 1953. Depois de vinte e dois meses de ásperos debates, o projeto da Petrobrás, emendado, transformou-se na Lei 2.004. Estava decidido: a Petrobrás seria um monopólio estatal.

Foi uma saída diferente do que originalmente se propunha, a concepção inicial de Getúlio era a criação da Petrobrás nos moldes da CSN, uma empresa integralmente pública, gerida diretamente pelo Estado. No entanto as pressões externas, a necessidade de captar capital para levantar a empresa, ensejaram numa concepção nova, uma empresa mista, integrante e controlada pelo Estado mas aberta a capitais privados e detentora do monopólio estatal contemplando assim os anseios nacionalistas.



A Rejeição do Corporativismo pelo Castilhismo:

O Estado Castilhista:
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A II Geração Castilhista
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A III Geração Castilhista - O Estado Novo.
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Compreendendo a Éra Vargas
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Uma Grécia nas Ribeiras do Atlântico Sul.
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Por um Novo Século de Péricles.
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terça-feira, 27 de setembro de 2011

A União Sagrada dos Brasileiros - Getúlio Vargas.

"Brasileiros! Debruçai-vos sobre o mapa da nossa Pátria! Observai o imenso domínio de que se apoderaram os nossos maiores, desprezando vicissitudes, retemperando o caráter, a cada hora, nas lides contra os acidentes naturais, recuando as raias da superfície geográfica até aos pendores da cordilheira dos Andes, galgando montanhas, transpondo caudais, varando saltos e cachoeiras, rompendo estradas em regiões inóspitas, drenando pântanos e alagadiços e assentando os alicerces de uma Nação de cerca de nove milhões de quilômetros quadrados!

Essa epopéia, entretanto, é sobrepujada por outra ainda mais impressionante e que deve encher de justo orgulho a todos vós. A manutenção da unidade brasileira constitui fenômeno sem paralelo na história dos povos modernos. O centrifugismo foi a lei que imperou em nosso Continente. Enquanto, ao longo das nossas lindes, os vice-reinados espanhóis se desagregavam, decompondo-se em dezenas de Estados; enquanto, na Europa e na Ásia, poderosos impérios se desarticulavam, mantínhamos com inquebrantável fidelidade o ritmo da nossa união sagrada. Nada nos separou, nada teve o dom de afrouxar os elos que nos soldam numa cadeia indivisível. A unidade brasileira é um dogma inviolável e um exemplo que nos servirá de bússola no rumo do porvir." - Getúlio Vargas.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O Deturpamento Ideológico da Revolução Farroupilha

Curioso,  como uma infecunda minoria, que se arvoram descendentes de imigrantes, por desconhecimento ou má fé mesmo deturpam cinicamente a Revolução Farroupilha tomando-a como marco de um pseudo-movimento separatista. A Revolução Farroupilha nunca foi propriamente separatista, e sim Federalista. Defendiam posições nacionalistas, de cunho liberal (liberais-radicais, não confundir com o atual liberalismo), contra a ála conservadora pró-portuguesa(Caramurus) que defendiam os interesses dos portugueses remanescentes no Brasil contra os brasileiros. E foram esses mesmos imigrantes que apoiaram os "caramurus".

Vários jornais de imigrantes da época, convocavam os seus, para lutarem ao lado do imperador que os tinha trazido para o Brasil. E assim lutarem contra:

"um bando de índios selvagens que querem tomar as nossas terras e libertar os negros".

De São Leopoldo, advinha o abastecimento do mercado de Porto Alegre. Ou seja, quando sobrevem a Revolução, a colônia alemã mantém suprida com alimentos a capital da província, que luta pelo império.

Quanto a essência federalista do movimento é bem claro Teixeira Nunes:

" Proclamando a Independência de Santa Catarina, não penseis que isto afetará os interesses do Brasil, do solo sagrado dos brasileiros, pois que a República Rio Grandense, conscienciosa de sua dignidade, do espírito da grande maioria dos brasileiros e da honrosa missão que lhe foi confiada, não tem tanto a peito, quanto a federação aos estados seus irmãos."

No Manifesto da República Rio-Grandense assinado por Bento Gonçalves e Domingos José de Almeida e lançado em 29 de Agosto de 1838 em Piratini, igualmente melhor esclarece as causas e os objetivos da Revolução Farroupilha:

"....Um só recurso nos restava, um único meio se oferecia à nossa salvação, e este recurso e este único meio era a nossa independência política e o sistema republicano (...) os Rio-grandenses reunidos às suas municipalidades solenemente proclamaram e juraram a sua independência política debaixo dos auspícios do sistema republicano, dispostos todavia a federarem-se, quando nisso se acorde, às províncias IRMÃS que venham a adotar o mesmo sistema."
 
E se ainda resta alguma ponta de dúvida quanto ao caráter essencialmente nacional da Revolução basta relembrarmos as palavras de Canabarro sobre a hípótese de uma eventual ingerência externa pelos castelhanos:
 
"....assinaremos a paz com império com o sangue do primeiro castelhano que cruzar a fronteira."

Também não é demais lembrar que o General Netto uma dos maiores expoentes da Revolução já em avançada idade veio falecer após defender o Brasil com todo seu regimento durante a Guerra do Paraguai.

Agora vejam que piada.... uma infecunda minoria, por aí, que se dizem descendentes de imigrantes se colocam hoje como portadores da tradição farroupilha!!!! Quando esses foram ferozes opositores.

Quando em verdade, fomos nós castilhistas que tornamos viva a Revolução Farroupilha, quando essa já era uma cendelha esquecida sob as cinzas da história, é quando Júlio de Castilhos evoca nossas tradições republicanas, fazendo publicar no jornal A Federação datas comemorativas em memória desse movimento republicano e federalista passando então a oficializar essas datas cívicas no calendário do Estado.

E é sempre de bom aviltre reconhecer na Revolução Farroupilha um dos mais destacados movimentos nacionalistas já tidos no Brasil em defesa dos interesses brasileiros contra os interesses portugueses remanescentes no Brasil (caramurus), que virá se acirrar justamente com o castilhismo e no restante do Brasil com oque se chamou de "jacobinos" em referência ao caráter radicalmente nacionalista, militarista e anti-lusitano, ulteriormente chamado de "florianista". No melhor das tradições de "Sentinelas do Brasil" forjado na contestação ao castelhano e na defesa de nossas fronteiras ao sul.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

120 Anos da Constituição Castilhista.

Em 14 de julho fizeram 120 anos da Constituição Castilhista, um marco nas instituições políticas brasileiras.

Foi a 1º Constituição a instituir Direitos Trabalhistas.

A privilegiar a Administração Científica, instaurando o Estado Modernizador, com o escalonamento de cargos administrativos preenchidos por concurso público.

Instituiu a Democracia Direta, subordinando a aprovação de leis ao Referendo popular.

Reeleição ilimitada.

Previsão do "recall", podendo a qualquer instante o Presidente ser destituído pela convocação de Plebiscito popular.

A Constituição Castilhista de 1891, com a qual Getúlio inclusive governou, viria a ser o espelho para formulação da Constituição de 37 e não a constituição "polaca", como repetem alguns por má fé ou ignorância.

Passados 120 anos, mesmo a Constituição de 88 não chega aos pés de tamanho monumento jurídico.

As palavras de Vargas ajoelhado sobre o túmulo de Júlio de Castilhos não são para menos:

"... O Brasil, colosso generoso, ajoelha soluçando junto da tumba do condor altaneiro que pairava nos píncaros da glória. Júlio de Castilhos para o Rio Grande é um santo. É santo porque é puro, é puro porque é grande, é grande porque é sábio, é sábio porque, quando o Brasil inteiro se debate na noite trevosa da dúvida e da incerteza, quando outros Estados cobertos de andrajos, com as finanças desmanteladas, batem às portas da bancarrota, o Rio Grande é o timoneiro da Pátria, é o santelmo brilhante espargindo luz para o futuro. Tudo isso devemos ao cérebro genial desse homem. Os seus correligionários devem-lhe a orientação política; seus coetâneos o exemplo de perseverança na luta por um ideal; a mocidade deve-lhe o exemplo de pureza e honradez de caráter.".


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A Rejeição do Corporativismo pelo Castilhismo.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

"Japão: o capital se faz em casa". - Barbosa Lima Sobrinho.


Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho
Faremos uma breve síntese do livro, "Japão: o capital se faz em casa", de autoria de Barbosa Lima Sobrinho, um dos maiores expoentes do nacionalismo brasileiro, historiador, biógrafo de personalidades políticas, jurista, jornalista, ex-governador de Pernambuco, deputado federal.

Esse livro se originou de seis artigos publicados no Jornal do Brasil em 1964 e 1965, afim de contestar uma publicação da agência oficial de relações públicas internacionais dos Estados Unidos, a USIS, na qual veiculava que o desenvolvimento dos EUA foi realizado com ajuda importante de capitais estrangeiros. Isto não foi verdade para os EUA, nem para os países europeus industrializados e muito menos para o Japão.

Utilizando-se de uma frase de Ragnar Nurkse, economista suéco, pioneiro na teoria do desenvolvimento industrial, segundo a qual o "Capital se faz em casa", Barbosa Lima Sobrinho aplica-a ao caso japonês como espelho para o Brasil e aos demais países subdesenvolvidos, vítimas do imperialismo.

A tese central do livro é que: "o desenvolvimento econômico, sendo acumulação de capital, só se realizará com poupanças e capitais nacionais. Não há lei que possa desviar o capital estrangeiro de seu roteiro natural, orientado para o rumo que mais convier aos seus donos, aos homens que na verdade o comandam. Ao passo que o capital autóctone terá sua tarefa e o seu destino incorporados ao processo de desenvolvimento nacional"(p. 285).

A ÉRA TOGUKAWA

O Japão quando entra em contato com o ocidente, por intermédio dos portugueses, era um país feudal e em pouco tempo ocorre uma considerável conversão ao catolicismo. Os japoneses começam a perceber que a presença de estrangeiros  representa uma ameáça. Em 1614, o Japão se fecha para o ocidente. Os missionários são deportados ou supliciados. Os convertidos tiveram que renunciar à nova religião. O comércio com estrangeiros é proibido.

Inicia-se uma fase de isolamenteo absoluto e sistemático do Japão. O comércio, mesmo com a China e as Filipinas, quando não era proibido era rigorosamente limitado. A triste experiência da China sujeita ao imperialismo britânico, serve de exemplo ao Japão, foi uma lição que os chefes japoneses aprenderam muito bem.

Não obstante, as pressões dos ocidentais para abertura comercial do Japão foram grandes. E durante muito tempo o Japão resistiu firmemente. Coube afinal aos EUA, apoiados pela força de nove navios de guerra, a tarefa de abrir o Japão ao ocidente.

A ÉRA MEIJI

Em 1868, assume o Imperador Meiji no bojo de uma revolução. A partir de então, tem início um extraordinário processo de desenvolvimento econômico nacional. O desafio representado pelos navios de guerra ocidentais é aceito. Um país então ainda essencialmente agrícola, com apenas 15% de suas terras aráveis, pobre em materias primas, começa um processo intenso de industrialização. A seu favor possuia uma unidade nacional sólida e poderosa, um aliderança política esclarecida e modernizante e a "ausência de grupos de pressão fundados em empresas controladas pelo capital estrangeiro".(p. 41)

O desenvovlimento econômico japonês se confunde com a decisão política do imperador e da classe dominante que ele representa. "O desenvolvimento econômico do Japão é um desenvolvimento comandado e dirigido pelo Estado".(p. 58).

O ESTADO INTERVENTOR E REGULADOR DA ECONOMIA.

Cabe ao Estado o controle total da economia e da sociedade japonesa, a interferência do Estado foi tão grande que o Japão pode ser considerado um caso de desenvolvimento planejado anterior ao da União Soviética.

O Estado seráo grande empresário da revolução industrial japonesa. A indústria textil, química, as fábricas de cerâmica e cimento, as usinas de açucar, as fábricas de cerveja, de munição e de armamentos, os estaleiros, as empresas de mineração - tudo é iniciado empresarialmente pelo próprio Estado. No final do século XIX, o Japão já possuia uma indústria poderosa e diversificada, toda ela construída pelo Estado.

Para promover o desenvolvimento tecnológico, o Estado japonês usou de todos os recursos possíveis. Deu sempre grande ênfase a educação. Comprou patentes, estimulou a imitação, exigiu sempre que a importação de máquinas fosse acompanhada de assistência técnica, enviou japoneses ao exterior, trouxe técnicos estrangeiros para trabalhar no Japão, criou instituições para a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico. Em suma, promoveu a importação maciça de técnicas estrangeiras.


O que comprova, que não é necessário o capital estrangeiro para que a modernização tecnológica ocorra.

CAPITALISMO E MILITARISMO

A antiga aristocracia, que a restauração Meiji expropriara mas indenizara amplamente, será a nova classe capitalista do novo Japão industrial que se formava. Sua consolidação definitiva ocorrera no fim do século quando o Estado lhe vende a grande maioria de suas indústrias a preços fortemente subsidiados.

Apesar da transferência, para o setor privado, das empresas estatais, a economia não se desnacionalizou. Também não se liberalizou, ainda que o objetivo da venda das empresas fosse este. O governo conservou firmemente para si o controle e a coordenação dos grandes monopólios japoneses que então se formavam.

A CONSOLIDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

Em 1908-12, as exportações de produtos manufaturados representam mais de 70% do comércio exterior japonês. Os tecidos e os produtos metalúrgicos dominavam a pauta de exportações predominavam cada vez mais as matérias primas. Assim, o Japão não passou pelo modelo primário-exportador de subdesenvolvimento;não foi vítima, portanto, da divisão internacional do trabalho imposta pelos países imperialistas aos países periféricos.



01. Marcha Para o Oeste e O Homem Novo.
02. Goiania A Cidade Símbolo da Marcha Para o Oeste.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

"New Deal" foi inspirado em Vargas.

Em um pronunciamento público em 27 de janeiro de 1936, no de Rio de Janeiro, o Presidente Franklin Roosvelt atribuiu a criação do "New Deal" a Getúlio Vargas:
"Despeço-me esta noite com grande tristeza. Há algo, no entanto, que devo sempre lembrar. Duas pessoas inventaram o New Deal: o Presidente do Brasil e o Presidente dos Estados Unidos." - Franklin Delano Roosevelt, 27 de novembro de 1936.

Como revela o jornalista José Augusto Ribeiro em sua biografia sobre Getúlio:
"Roosevelt era admirador de Hamilton desde a juventude, tendo lhe dedicado a sua dissertação de graduação em Harvard. Além disto, também tinha uma admiração confessa por Vargas, tendo lhe atribuído publicamente parte da inspiração para o New Deal"

Alexander Hamilton fora um estadista estadunidense introdutor do protecionismo econômico nos EUA. Em uma única frase, poder-sei-ia dizer que Hamilton foi o principal mentor das diretrizes de política econômica e financeira e, em grande medida, institucionais, que possibilitariam a extraordinária ascensão dos Estados Unidos da América, da condição de ex-colônia recém-liberta, mas afogada em dívidas e incertezas, para, já nas décadas finais do século XIX, despontar como a maior potência industrial e econômica do planeta. Acima de tudo, ele foi um campeão da idéia revolucionária de estabelecer um Governo poderoso para colocá-lo a serviço do bem-estar geral (general welfare) ou bem comum.

Getúlio em sua juventude havia sido leitor do economista Friedrich List que tinha em Hamilton uma de suas referências.

Quando do advento do "New Deal" por Roosevelt, os Estado Unidos da América(EUA), se encontravam quase uma década em depressão econômica e outras tantas em recessão. O liberalismo se mostrou um sistema falído levando os EUA a bancarrota. Enquanto ao sul, no Brasil, a Revolução de 30 instaurara um novo modelo de Estado com uma nova proposta econômica e de ordem social levada a cabo por Getúlio. O Castilhismo.

É esse modelo brasileiro, que será copiado por Roosevelt para retirar os EUA da grande depressão. Roosevelt a exemplo de Vargas, faz do Estado um intermediador nas relações entre o capital e o trabalho. Cria em 1935 agência Nacional de Relações de Trabalho que terá poder de criar normas e julgar litígios trabalhistas envolvendo as organizações de trabalhadores, a exemplo da Justiça do Trabalho no Brasil com seu poder normativo. 

O Estado passou diretamente a intervir na economia como já pregava o economista brasileiro Aarão Reis desde 1896, que influiu na política econômica de Getúlio desde sua ascenção ao poder em 1930 e mesmo antes no Rio Grande do Sul.

Roosevelt buscou o fortalecimento do executivo, uma avocação incomum no Estado ianque, lançando mão de um sem número de decretos para se sobrepor ao Congresso, buscando a Centralização do poder político, ao mesmo tempo que já contava com a reeleição ilimitada, princípio castilhista da continuidade administrativa.

Como ocorreu com Vargas, Roosevelt foi ferozmente combatido pela direita oligárca estadunidense, acusado de "comunista", que vêem no Estado um mero instrumento de interesses corporativos e, na economia, um campo de caça para a ação dos “setores mais dinâmicos do capitalismo”.

De modo que foi o advento desse novo modelo brasileiro que mudou o curso da história mundial e ironicamente salvou os EUA da ruína.


terça-feira, 26 de abril de 2011

A Rejeição do Corporativismo pelo Castilhismo.

Quando da instauração do Estado Novo, o Ministro da Justiça de Getúlio, Francisco Campos, teve sem dúvida, importante papel na formatação da Constituição de 37, embora a sua real influência tenha sido claramente circunscrita pela predominância da inspiração castilhista do seu chefe.

Paradoxalmente, aconteceria com as idéias corporativistas no Estado Novo o mesmo que tinha acontecido anos atrás, durante a campanha da Aliança Liberal (1929-1930), e também durante o Governo Provisório (1930-1934) com as idéias liberais: o Castilhismo em ascensão cooptá-las ia, aproveitando o élan estatizante e esquecendo aquilo que entrasse em atrito com a proposta centralista e modernizadora getuliana.

"A época é das assembléias especializadas, dos conselhos técnicos integrados à administração. O Estado puramente político, no sentido antigo do termo, podemos considerálo, atualmente, entidade amorfa, que, aos poucos, vai perdendo o valor e a significação." - Getúlio Vargas. Discurso em 4-5-1931.

Getúlio deixaria os planos corporativos do seu ministro relegados ao esquecimento. Isso terminou motivando a ruptura com Campos e o seu ulterior exílio em 1942. A adesão da elite castilhista a uma proposta modernizadora da economia datava de uma década atrás, quando da elaboração da Plataforma da Aliança Liberal.

A proposta corporativista de Francisco Campos foi descartada pelo getulismo, em virtude dos elementos não modernizadores que implicava. A idéia de Campos de que "O Estado assiste e superintende [mediante o Conselho de Economia Nacional, de feição corporativa], só intervindo para assegurar os interesses da Nação, impedindo o predomínio de um determinado setor da produção, em detrimento dos demais", implicava, no terreno econômico, numa perda de forças do Estado empresário e centralizador da tradição castilhista.

Para Vargas era inaceitável a idéia de um Estado patrimonial modernizador, que entregasse às corporações o aspecto fundamental da administração da economia. Isso equivaleria, no mínimo, a um retrocesso que fortaleceria de novo a ascensão dos interesses particularistas.

O Estado getuliano deglutiria, no entanto, a idéia corporativista, libertando-a do vezo romântico presente na proposta de uma economia administrada organicamente pela Nação, e inserindo-a no contexto do Poder central forte e modernizador. O modelo sindical que se consolidou ao ensejo da legislação trabalhista assumiu essa idéia, fazendo dos sindicatos peças da engrenagem controlada pelo Estado.

Por fim, a própria Constituição de 37, em seu art. 63, acaba esvaziando o poder decisório do Conselho da Economia Nacional(CEN), ao atribuir ao povo via plebiscito “poderes de legislação sobre algumas ou todas as matérias de sua competência”. De modo que o CEN acaba sendo um órgão técnico de formulação legislativa, cabendo ao povo acatar ou não seus dispositivos mediante referendo, o velho gosto castilhista pela democracia direta.


ARTIGOS RELACIONADOS:

Vargas Fascista?
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CLT é a Negação da Carta de Del Lavoro.
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O Estado Castilhista
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A III Geração Castilhista - O Estado Novo.
http://ressurreicaonacionalista.blogspot.com/2010/05/iii-geracao-castilhista-estado-novo.html

Compreendendo a Éra Vargas
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domingo, 24 de abril de 2011

João Goulart, O Último Presidente Nacionalista.

Presidente João Goulart
Quando Jango assumiu a presidência da República, a conjuntura mundial era polarizada por duas fortes presenças: Jonh Kennedy, no governo dos Estados Unidos, aparentemente disposto a apoiar alternativas democráticas à Revolução Cubana, e João XXIII mobilizando a Igreja Católica para a responsabilidade social e para a opção pelos pobres. 

Mudaram-se os tempos e as vontades. João XXIII morre. Kennedy é assassinado. Já nos funerais do Papa, Jango percebeu que Kennedy não se sentia animado a apoiar reformas na América Latina, com medo de sua própria direita. Foi nesta conjuntura cambiante que se definiu e se combateu pelas Reformas de Base, principalmente a Reforma Agrária, atrasada por um século, e a de controle do capital estrangeiro, notoriamente incapaz, se deixado solto, de gerar aqui uma prosperidade generalizável aos brasileiros.

No primeiro período de governo, Jango se ocupou, sobretudo, de livrar-se dos freios do falso parlamentarismo que lhe fora imposto pelo Congresso. Temiam que ele fizesse um governo Trabalhista sensível às reivindicações populares, como de fato ocorreu. Recorde-se que Jango surgiu no quadro como ministro do Trabalho de Getúlio Vargas que propôs dobrar o salário mínimo, provocando a revolta dos coronéis liderados por Golbery e Mamede. Revolta tão raivosa que Getúlio teve que demiti-lo. Só meses depois, reuniu forças para decretar o novo salário mínimo. Medida indispensável, porque estivera congelado durante todo o governo Dutra.

A imagem política de Jango se fixou, a partir daí, como a do novo líder do Trabalhismo, tão firme na defesa dos assalariados e flexível nas articulações políticas quanto predisposto a modernizar a institucionalidade brasileira. Jango se aproximara de Getúlio quando este estava isolado em Itu, depois de deposto em 1945. Era um jovem fazendeiro vizinho, formado em Direito, que nunca advogara. Era dono, então, de milhares de hectares e engordava vinte mil cabeças de gado por ano. Convivendo com Getúlio, Jango foi ganho ideologicamente para a militância Trabalhista, que introduziria nas lutas político-partidárias brasileiras um componente novo, tão distanciado do reacionarismo dos políticos profissionais, como da militância sindical comunista.

Com estas marcas distintivas, Jango se fez eleger vice-presidente de Juscelino Kubitschek e, depois, de Jânio Quadros. Em ambos os casos, em chapa eleitoral autônoma, como candidato do PTB. Encarnou a corrente política oriunda da Revolução de 1930, que modernizara o Brasil, reformulando as relações de trabalho em bases positivistas e fundando a postura nacionalista de defesa de nossas e interesses. Jango foi adiante, assumindo os direitos dos trabalhadores rurais até tornar-se, surpreendentemente, o principal defensor da sindicalização rural e da Reforma Agrária. Sua figura de líder nacionalista, trabalhista e reformista, num país de políticos atrasados e retrógrados, atraía apoio popular cada vez maior. Mas, também, repulsa cada vez mais profunda das elites.

Vencido o plebiscito de 1962, que proscreveu o parlamentarismo por 9 a 1 milhão de votos, Jango iniciou um esforço ingente para estabelecer uma aliança com o PSD, que lhe desse suporte parlamentar para as Reformas de Base. Conseguiu, assim, o apoio necessário para aprovar a Lei de Remessas de Lucros, através da qual as empresas estrangeiras teriam direito de remeter, para fora, dividendos de até 10% do capital, que introduzissem no Brasil. Mas eram forçadas a deixar aqui os capitais ganhos no país, que viveriam o destino dos capitais nacionais. Não se desapropriava, nem se estatizava nada; tão-somente definia-se como estrangeiro o que era estrangeiro e como nacional o que era nativo. Como a proporção era de 1 para 20, os defensores do capital estrangeiro se alvoroçaram.

Paralelamente, Jango articulava a aprovação pelo Parlamento de sua fórmula de Reforma Agrária, proposta na Mensagem Presidencial de 15 de março de 1964. Esta consistia em introduzir na Constituição o princípio de que a ninguém é lícito manter a terra improdutiva por força do direito de propriedade. Princípio do qual decorria a norma de uso lícito da terra, que seria o equivalente a quatro vezes a área efetivamente utilizada.

Essa reforma devolveria ao controle do Estado centenas de milhões de hectares de terra, sobretudo no Brasil Central e na Amazônia, apropriados abusivamente através de chicanas e grilagens por grandes latifundiários, com objetivo especulativo. Por essa via legal é que o Presidente dar terras, em pequenos lotes, a dez milhões de famílias, da mesma forma que a lei americana fizera, em 1860, distribuindo aos pioneiros o seu Oeste e criando o mercado interno, que foi o fundamento da prosperidade daquela nação. Jango sempre dizia que, com milhões de proprietários, mais famílias iriam comer, viver e progredir, mais gente se fixaria no campo, a propriedade estaria mais defendida e o capitalismo consolidado. Nada mais oposto, como se vê, ao comunismo.

Como era de esperar, essas duas reformas estruturais – que estavam não só formuladas criteriosamente mas em marcha para a concretização – uniram carnalmente toda a direita contra o governo, dissolvendo suas distensões internas. Inclusive a oposição recíproca dos dois maiores partidos patronais: a UDN e o PSD, que viviam no desespero de verem o PTB crescer a cada eleição, de forma que sua vitória, na futura eleição presidencial, era não só previsível mas inevitável.

Dois Brasis se defrontavam ali. Numa vertente, estava o Brasil das Reformas de Base, empenhado em abrir perspectiva para uma nova era, fundada numa prosperidade oriunda da ativação da economia rural e da mobilização da economia urbana, ampliada através das outras reformas em marcha: a urbana, a fiscal, a educacional, e a administrativa. Na vertente oposta, estava o Brasil da reação, em união sagrada para a conspiração e o golpe, sem qualquer escrúpulo, a fim de manter a velha ordem.

O Brasil vinha se construindo, confiante como nunca em sua capacidade de transformar-se para superar o atraso e acabar com a pobreza, quando sobreveio o golpe militar de abril de 1964. O que queríamos era alargar os quadros sociais, para que mais brasileiros tivessem empregos em que progredissem por seu esforço, para que todos comessem todos os dias, para que cada criança tivesse oportunidade de completar seu curso primário. Vale dizer, aquilo que é progresso e modernidade para nações civilizadas. Tudo dentro da democracia e da lei.

O golpe militar de 1964 foi uma irrupção abrupta do fluxo histórico brasileiro, que reverteu seu sentido natural, com efeitos indeléveis sobre a soberania e sobre a economia nacional e também sobre a cidadania, sobre a sociedade e a cultura brasileiras. Vínhamos, há décadas, construindo duras penas uma nação autônoma, moderna, socialmente responsável e respeitosa da ordem civil, quando sobreveio o golpe e a reversão.

O Brasil atual é fruto e produto da ditadura militar, que se armou de todos os poderes para conformar a realidade brasileira segundo diretrizes opostas ás até então vigentes.

O golpe militar teve como finalidade, basicamente impedir aquelas reformas. Para isso é que mobilizou os latifundiários, em razão dos seus interesses; e os políticos da UDN e do PSD, que vinham minguando ano a ano. Apesar de poderosas, estas forças nativas não podiam, por si mesmas, derrubar o governo, Apelaram, então, para o capital estrangeiro e seu defensor no mundo, que é o governo norte-americano, entregue a estratégia da Guerra Fria. Os conspiradores de 1964 não só aceitaram, mas solicitaram a intervenção estrangeira no Brasil, rompendo nossa tradição histórica de defesa ciosa da autonomia e da repulsa a qualquer ingerência em nossa autodeterminação.

Assim é que se pôs em marcha a operação de desmonte do governo constitucional brasileiro através de um golpe urdido na embaixada norte-americana, orientada pelo Departamento de Estado e coordenada pelo adido militar, que atou as ações golpistas dos governadores de Minas, do Rio e de São Paulo e as articulou com a conspiração subversiva dos oficiais udenistas das Forças Armadas, que maquinavam desde 1945 contra a democracia brasileira.

As ações operativas de criação de um ambiente propício ao golpe foram entregues à CIA, que recebeu para isso dezenas de milhões de Dólares, competentemente utilizados na mobilização de toda a mídia para uma campanha sistemática de incompatibilização da opinião pública com o governo – definido como perigosamente comunista -, seguida da promoção de grandes marchas pseudo-religiosas de defesa da democracia e das liberdades. Ambas tiveram profunda repercussão nas classes médias, sempre suscetíveis de manipulação, mas não afetaram o apoio popular ao governo reformista.

Simultaneamente, organizaram instituições especificamente destinadas a subornar parlamentares: o IPES e o IBAD, que chegaram a aliciar centenas de deputados e de senadores para o golpismo. Ao mesmo tempo, infiltraram agentes provocadores nas Forças Armadas, como o cabo Anselmo, treinados para atos de insubordinação, destinados a sensibilizar a oficialidade, como se fossem atentados do governo à hierarquia militar. Criou-se, assim, o ambiente propício à eclosão do golpe militar.

O inconveniente maior de conspirar com os norte-americanos é que, passados vinte anos, eles abrem seus arquivos e contam tudo. Assim sucedeu com a documentação referente à intervenção do governo de Lindon Johnson. Uma vez divulgada, ela permitiu ver como o golpe foi urdido na embaixada norte-americana por seu adido militar, orientado para isto desde Washington. Foi desencadeado com forte contingente armado, postado no porto de Vitória, com instruções de marchar sobre Belo Horizonte.

Conforme se vê, a direita brasileira e seus aliados externos estavam dispostos a desencadear uma guerra civil sangrenta, com risco de dividir o Brasil como sucedeu na Coréia e no Vietnã, para evitar que algumas reformas estruturais, indispensáveis desde sempre, fossem executadas legalmente pela vontade dos brasileiros. João Goulart é que, negando-se a dar uma ordem que importasse em derramamento de sangue, impediu essa guerra civil, que a seus olhos podia ter custado a vida de milhões de brasileiros e, provavelmente, dividido o Brasil em dois.

Registrando esses fatos, agora, reavalio minha própria posição, que era contrária à do Presidente. Fiz o quanto me foi possível para que o governo respondesse à sublevação golpista com ações concretas. Era perfeitamente possível usar os aviões do Brigadeiro Teixeira para devolver aos quartéis a tropa de recrutas de Mourão, o general que se autodesignara como vaca fardada, porque deu o golpe e não aproveitou. Os fuzileiros do Almirante Aragão podiam também ter prendido Lacerda e Castello Branco. A essas ações se seguiria, previsivelmente, a adesão dos grandes exércitos a um governo que se revelara capaz de defender-se. Esta não foi a visão do Presidente, informado por outros conselheiros de que uma armada norte-americana estava vindo intervir nas nossas lutas internas, o que converteria o golpe, se revidado, numa guerra civil.

O golpe foi todo um êxito, proclamado como a maior vitória do Ocidente contra o comunismo, maior que o desarmamento nuclear de Cuba, maior que a crise do muro de Berlim, disse orgulhoso o idiota embaixador Gordon.

Jango não caiu por ocasionais defeitos de seu governo. Foi derrubado em razão de suas altas qualidades, como o responsável pelo maior esforço que se fez entre nós para passar o Brasil a limpo, criando aqui uma sociedade mais livre e mais justa.


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Raymundo de Monte Arraes, Teórico do Castilhismo.

Raymundo Monte Arraes
MONTE ARRAES, Raymundo de.(1888-1965), cearense de Assaré, foi advogado, jornalista, escritor, deputado estadual e federal. Positivista, desde sua juventude se inveredou nas obras Augusto Comte e se destacou na defesa do regime Castilhista em 1925, quando esse se encontrava sob ferrenho ataque de opositores, publicando sua principal obra: "O Rio Grande do Sul e as suas Instituições Governamentais" no qual faz a defesa cerrada da Constituição Riograndense e do regime castilhista, recebendo elogio público de Vargas, quando então deputado federal, em pronuciamento na Câmara em 08 de dezembro de 1925.

Em 1926 foi diretor do Jornal do Comércio, jornal do Partido Republicano Conservador - PRC, partido fundado e dirigido pelo insígne general Pinheiro Machado, sendo o porta voz da política castilhista no Ceará. Nesse mesmo período ingressa nos quadros do PRC, e pela mão de Pinheiro Machado é eleito deputado estadual no Ceará.

É nesse período que passa a confabular com Padre Cícero, também membro do PRC, na tentativa de mudar a orientação personalista pela qual este estaria sendo conduzido.

Em 1927, ainda prestigiado pela repercução de sua obra, viaja ao Rio Grande do Sul a convite de Borges de Medeiros, Presidente do Rio Grande do Sul. Recebido em Porto Alegre com grandes festas. Durante dias, Monte Arraes se dedicou a visitar os diversos órgãos e serviços do Governo riograndense, constatando como funcionava na prática aquele modelo de organização política que tanto defendera, em teoria.

Na ocasião foi homenageado no Centro Republicano Júlio de Castilhos, numa sessão solene, na qual foi saudado por Otelo Rosa, fato registrado no jornal A Federação numa página inteira. Otelo ressaltou sobretudo a motivação desinteressada com que Monte Arraes escrevera "O Rio Grande do Sul e as suas Instituições Governamentais", e sua isenção para fazê-lo, sendo um político do norte, sem nehum interesse pessoal na política riograndense.

As conversas diárias com Borges de Medeiros serviram não só para discretear sobre a história política do Rio Grande mas também para:
"...com base em dados seguros, projetar luz, de futuro, sobre muitos pontos interessantes da política ancional".
O fato mais singular nessa visita, é que, sendo Borges de Medeiros um homem habitualmente tão reservado e avesso a confidências políticas, achasse por bem, durante todo tempo em que Monte Arraes esteve em Porto Alegre, recebelo em audiência diariamente, para conversarem reservadamente sobre política ancional e riograndense.

Numa dessas conversas, Borges de Medeiros disse a Monte Arraes que pretendia indicar para sucedê-lo no governo do Estado o deputado Getúlio Vargas, e perguntou-lhe qual sua opinião a respeito. Monte Arraes naturalmente louvou a escolha e, pelo resto da vida, se sentiria co-responsável pela projeção e o papel que Vargas viria a assumir no Brasil.

Até 1928, Monte Arraes continuou exercendo seu mandato de deputado estadual e servindo ao PRC na direção política do Jornal do Comércio. Quando se desliga para fixar residência na capital da República(RJ).

No Rio passa um tempo como consultor jurídico do Rio Grande do Sul. Quando então retorna a Fortaleza para fundar o jornal A Razão(1929), destinado a combater o governador Matos Peixoto e fazer campanha da Aliança Liberal.

Veio a Revolução de 30, na qual se engajou, vitoriosa a Revolução, esperava ser designado interventor federal no Ceará, sendo preterido por Fernandes Távora, que assumiu o lugar, autodesignando-se interventor. Decepcionado, muda-se novamente para o RJ, onde é nomeado para as funções de Chefe do Departamento de Censura e Diversões Públicas.

Em 1933, escreve "Do Poder do Estado e dos Órgãos Governativos", que tinha por ambição influir na elaboração da carta constitucional de 1934, mas apenas publicado em abril 1935 por problemas de impressão, quando a Constituição há muito havia sido promulgada.

Em 1935, se elege deputado federal. Em 37, por ocasião da dissolução da assembléia, perde seu mandato, retomando suas funções no Departamento.

Monte Arraes se entrega a defesa do Estado Novo, no qual se despontará como um de seus principais teóricos. É quando escreve "O Estado Novo e suas Diretrizes", publicado em julho de 1938, com o objetivo de "expor ao povo brasileiro overdadeiro sentido das novas instituições [o Estado Novo], dando-lhe, assim, a oportunidade para melhor comprendê-las e conscientemente aplaudí-las". Juntamente com Francisco Campos e Azevedo de Amaral, foi um dos três teóricos do Estado Novo.

Logo na introdução de "O Estado Novo e as suas Diretrizes", diz que, apesar de pessoalmente ter sido atingido pelo golpe de Estado que extinguiu seu mandato de deputado federal e fechou o Congresso Nacional:
"não temos dúvida em reconhecer, se não a impraticabilidade absoluta, por sem dúvida, a falta de dutilidade do regime ab-rogado, apara dar solução a crise política e social, em que então se debatia a nação".
Em o "O Estado Novo e as suas Diretrizes" Monte Arraes se estende em mais de 200 páginas para provar a oportunidade da carta de 1937 e a sua superioridade sobre as constituições de 1934 e de 1891.

Em 1943, Monte Arraes ainda é um getulista convicto. É nesse ano que publica "O Brasil e os Regimes Ocidentais", no qual se mantém inalterada sua posição face ao Estado Novo. Um mês antes da queda de Getúlio(setembro/45), ainda defende as teses básicas do castilhismo e do getulismo.


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sábado, 23 de abril de 2011

Os Governos Castilhistas


"Se no resto do Brasil, em todas as Províncias, a passagem do Império para a República foi rigorosamente uma simples troca de tabuleta, na Província meridional(RS) houve uma modificação radical e definitiva. Nenhum quadro monarquista permaneceu no poder. Muito menos os liberais, e menos ainda os vacilantes liberais republicanos. Os piolhos da monarquia deram lugar à novíssima geração do Partido Republicano Rio-grandense. Como se dizia na época, era uma “plêiade de jovens idealistas radicalizados” positivistas anti-liberais, anti-monarquistas, favoráveis a um Estado forte e centralizado, desfavoráveis ao Poder Legislativo (que nunca prosperou com o castilhismo), modernizadores burgueses, politizados e, apesar de militarizados, sempre, radicalmente civilistas. Entretanto, o traço fundamental, foi o marcado caráter anti-oligárquico e anti-patrimonialista dos seus governos de quase quatro décadas."

O castilhismo-borgismo implementou a modernização do Rio Grande apoiada no desenvolvimento da produção e do mercado interno, tendo inclusive promovido o intervencionismo do Estado na economia e a expropriado do grande capital internacional. Ampliando fortemente o aparelho do Estado e sua intervenção reguladora, organizadora e distributiva, invertendo assim o minimalismo estatal, o liberalismo social extremado, e o não intervencionismo econômico pregado pelos liberais conservadores(Federalistas/Maragatos).

O castilhismo fundou o moderno Estado gaúcho; ampliou a produção, a circulação e a realização de mercadorias; combateu as supervivências pré-capitalistas sobretudo na produção latifundiária.

O castilhismo-borgismo limitou a apropriação das terras públicas do norte do Estado pelos latifundiários; taxou a transmissão da propriedade, os imóveis rurais, a propriedade da terra; cobrou a dívida colonial; investiu nos meios de transportes. Quando a melhoria da produção, circulação e realização capitalista sulina exigiu, expropriou capitais privados, sobretudo internacionais, renegando sem pruridos o axioma comtiano de realismo orçamentário, ao contrair importante dívida pública, para passar ao controle do Estado a rede ferroviária e portuária sulina explorada em forma predatória por capitais estrangeiros. e na educação; apoiou a policultura, a agricultura capitalista, a manufatura e a indústria.
Tropa Castilhista - Revolução Federalista(1893-95)
Em 1893-5, a defesa de projetos econômico-sociais diversos dos federalistas e republicanos expressou-se igualmente na organização, nas táticas e nos armamentos dos exércitos antagônicos. Enquanto as tropas maragatas, formadas por fazendeiros e seus agregados, estavam precariamente armadas, ainda se utilizando das cavalhadas para a locomoção. Os republicanos possuíam tropas militares modernas, formadas em boa parte por soldados, suboficiais e oficiais profissionais, que se serviam das ferrovias para locomoverem-se e conheciam divisão e especialização de funções – infantaria, cavalaria, artilharia, intendência, etc.

A construção do Rio Grande moderno foi em grande parte obra do castilhismo-borgismo. E ainda hoje sobretudo no subconsciente da classe média regional subsiste avaliação positiva da ação, das obras, dos serviços, da administração honesta e econômica, etc. por ele promovida. São tempos ainda vistos como uma espécie de idade de ouro que fez do Rio Grande do Sul a província com menor índice de analfabetismo e a segunda maior economia do país em fins do Séc. XIX.

Economista Aarão Reis, Teórico do Intervencionismo Estatal.

AARÃO LEAL DE CARVALHO REIS nascido em 6 de maio de 1833, em Belém, capital da então província do Grão-Pará. Foi um brilhante representante do pensamento positivista gerado por aquela geração e que influenciará determinatemente a política econômica de Getúlio Vargas. Em 1872, na Escola Central do Rio de Janeiro (depois Escola Politécnica), concluiu o curso de engenheiro geógrafo; em 1873, bacharelou-se em ciências físicas e matemáticas, e, em 1874, recebeu o grau de engenheiro civil.

Em 1918, Aarão Reis publicou aquela que é certamente, a sua principal obra: Economia política, finanças e contabilidade. Em que defende a intervenção Estatal na economia, isso, antes mesmo de John Keynes. Seu livro, destinava-se, ao ensino da disciplina, de mesma denominação, do currículo da Escola Politécnica. Embora embebido das idéias comteanas, a análise do livro sugere-nos num primeiro momento, que o autor, por outro lado, não era um ortodoxo:

Segundo ele, o desenvolvimento da tecnologia estaria preponderando em sua época, sendo que as grandes corporações de produtos e serviços dominariam, no futuro, o desenvolvimento econômico mundial. Uma visão profética de Aarão Reis?

Aarão Reis mostra-se um adepto da idéia do industrialismo, considerado fator de emancipação nacional, corrente muito em voga na primeira metade do século XX, podendo-se, no caso, lembrar dos nomes de Amaro Cavalcanti (1851-1922), Luis Rafael Vieira Souto (1849-1922), Serzedelo Correia (1858-1932) e Lauro Muller (1863-1926), entre outros, ardorosos defensores do pensamento industrialista brasileiro.

Dessa forma, os técnicos que compunham o Conselho Federal de Comércio Exterior que assessoravam Vargas, e que o levaram à solução intervencionista do problema do aço com a criação da CSN sob forma de Empresa Pública diretamente vinculada e gerida pelo Estado, tinham formação baseadas nas idéias difundidas na Escola Politécnica por Aarão Reis (1853/1936). Este, em seu magistério e no manual de economia política que elaborara e fora adotado na Escola (Economia política, finanças e contabilidade, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1918) tinha uma visão bastante ampla da intervenção do Estado na economia. Tendo Vargas fundido numa só as duas vertentes de inspiração positiva, a castilhista e a intervencionista do domínio econômico.

O problema da educação

Aarão Reis mostra-se favorável às medidas de reforma educacional, principalmente às relacionadas com a maior liberdade proporcionada à iniciativa particular para a abertura de escolas. Tece, por outro lado, uma série de argumentos em favor da obrigatoriedade do ensino primário, público e gratuito. Caberia à União, como representante dos elevados interesses nacionais, a “ïmprescindível disseminação da instrução popular, num país que, pelo regime político adotado, carece que todos os seus cidadãos intervenham, conscientemente, no desdobramento normal da vida nacional” (p. 610).

Aarão entende que é pela educação das chamadas “classes populares laboriosas” que se alcançará a necessária colaboração – entre patrões e empregados ou, por outra forma, entre o capital e o trabalho – “para a grande obra comum de interesse geral” (item 387).

O intervencionismo Estatal de Aarão Reis

Apoiando as idéias e as iniciativas sociais de proteção ao trabalhador, Aarão destaca “o crescente intervencionismo do Estado no sentido de amparar cada vez mais os desfavorecidos da sorte”, tudo colaborando para a “nova organização social” que tenderia a se instalar no mundo. Esta “nova organização social” Aarão entendia como sendo o socialismo determinado, fruto do desenvolvimento da sociologia fundada por Augusto Comte.

Em ensaio datado de 10 de dezembro de 1897 e publicado no volume I (1897) da Revista da Escola Politécnica, Aarão Reis mostra, claramente, o seu pensamento intervencionista. No trabalho, denominado A intervenção do Estado na indústria, ressalva, sempre, a necessidade de proteção aos direitos individuais.(Note, antes da publicação social-democrata de Berstein).

Ainda, reafirmando a sua tese, diz que a intervenção do Estado na esfera econômica “longe de ser um direito em luta com os direitos individuais, é ao contrário um dever, uma atribuição do poder político” (p. 387).

O pensamento econômico intervencionista, de feição positivista, encontra em Aarão Reis um paradigma, inspirador das reformas procedidas por Getúlio Vargas na economia brasileira a partir de 1930. Aarão via no Estado empresário – nos moldes da concepção do Marquês de Pombal – um ente tutelar com a missão de promover uma nova ordem social, e, além disso, de amparar os “desafortunados da sorte”.

Aarão Reis mostrou-se também um precursor e grande defensor do sistema cooperativista de produção e consumo a exemplo do que viria a pregar Alberto Pasqualini.


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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Insígnias e Símbolos do Nacional-Trabalhismo

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A insígnia castilhista foi inspirada nas ferras de marcar gado, que moldaram os antigos brasões das famílias sertanejas. Ariano os estudou a fundo, e as relacionou com a simbologia antiga. Segundo ele, o traço vertical, chamado tronco, representa o céu; o horizontal, ou puxete, significa terra. Os dois juntos podem formar o galho, a união imperfeita entre o divino e o ser humano. Ou ainda a cruz, a união perfeita entre ambos. A insígnia castilhista parece tomar forma de um caduceu, que consiste em um cetro entrelaçado por duas serpentes, simbolizando a harmonia entre os contrários, o equilíbrio, a paz, a justiça. Também, poder-se-i-a fazer alusão a uma espada erigida a forma da antiga Deusa Justiça Nike? Ou seria a retratação simbólíca de um cetro significando o Estado que se interpõe entre o capital e o trabalho harmonizando sua relação, assentado sob uma base horizontal, simbolizando a estabilidade, sua solidez? Não importa.... o símbolo transcende suas explicações. 

Por fim Júlio de Castilhos, Vargas, são íncones do Castilhismo, sem nos esquecermos de outros tão importantes quanto: Monte Arraes, Alberto Pasqualini.... homens que inspiram e nos guiam os passos, como que evocando o antigo lema positivista:  "os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos".

"Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência." - Getúlio Vargas. 

Por fim, o lenço vermelho rememora a Revolução de 30, a única revolução vitoriosa que tivemos. O lenço castilhista, corrente a qual somos herdeiros, era branco, sendo que no curso da Revolução de 30, Getúlio, que era castilhista, adotou o lenço vermelho (usado pelos maragatos) como símbolo de conciliação e união entre as duas correntes.

NOTA Editorial

Já há algum tempo, elementos inescrupulosos, que se utilizam do anonimato das redes, por intermédio de perfis falsos, vem se utilizando de nossa insígnia, símbolos e nomenclatura, com fito de ludibriarem incautos. Se valendo da imagem, deturpada por marxistas, de Vargas como "fascista" (coisa que ele nunca foi) vinculam nossos símbolos afim de atrair elementos simpáticos a esse credo e mesmo aqueles que não são, mas simpatizam com Getúlio, como isca para incutir ideologias estrangeiras obscurantistas, que nada nos diz respeito e tampouco guardam congruência com o Castilhismo, antes são antagônicas! A Insígnia Castilhista (tal como denominada) é de autoria do fundador desse blog, e somente as agremiações abaixo correlacionadas, que se seguem, gozam de nossa autorização para fazer uso de nossa simbologia. A ressaltar que não temos nenhum vínculo com partido político, de nenhuma natureza. Muitos desses elementos, que se valem da nossa simbologia, são liberais ligados ao PDT e ex-militantes do PTB, apoiadores do Ciro Gomes, e que associam nossos símbolos a figuras liberais como Juscelino Kubitschek (vulgo JK), Collor, golpistas de 64, e outras figuras nefastas, afim de incutir, de forma sub-reptícia, propostas liberais.
E para aqueles que insistirem fazer uso desautorizado e indevido de nossos símbolos, além de estarem sujeitos as responsabilizações cabíveis, que nossa insígnia, seja como marca em brasa, que não sai, de maus agouros vindouros em suas vidas. 





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