terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Vargas Fascista?

Vargas como Brizola é legatário da política castilhista em seu positivismo de forte conteúdo social, bem como da ulterior influência trabalhista, advinda de Alberto Pasqualini.

Quem elaborou a CLT foi o pernambucano Joaquim Pimenta, que era comunista, a pedido de Vargas. Conta-se nos seus primeiros esboços, acreditando estar tratando com um político "conservador", Joaquim Pimenta elaborou leis bem modestas, nem de longe com o grau de abrangência que as tornariam célebres. Getúlio ao ler a obra de Pimenta, para surpresa deste último, pediu uma legislação mais avançada, mais progressista.

Situação similar é contada por Amaral Peixoto que junto com integrantes do movimento tenentista, haviam ido conversar com Getúlio, para expor suas reivindicações. Getúlio ao ouvir com sua paciência que lhe era característica, ao final apenas disse: "Só isso? Pensei que vocês estivessem mais avançados".

Ainda.... por DUAS vezes! Vargas tirou o Partido Comunista da ilegalidade, quando ascendeu ao poder logo após a Revolução de 30 e ao retornar em 1950. Fazendo das reivindicações trabalhistas uma política de governo ao que antes era "caso de polícia".

Ao passo, que, Getúlio instituiu o voto secreto e universal, contemplando as mulheres já nas eleições de 1934, deu aos trabalhadores diretos sociais, políticos e trabalhistas como férias, jornada de 8 horas, descanso semanal, salário mínimo, estabilidade, assistência médica e sindicalização. 


Diferença entre o Trabalhismo de Vargas e o Nazi-fascismo.

Oque ocorreu na Alemanha e na Itália foi que em ambos houve a eclosão de uma classe operária revolucionária esmerada na Revolução Russa, ameaçando o poder da oligarquia de ambos os países e que atemorava o restante da Europa.

Assim, deram dinheiro aos camisas-negras de Mussolini e aos camisas-pardas de Hitler, em troca de favores futuros. 

Em suma tanto o fascismo quanto o nazismo foram(e são) movimentos contra-revolucionários para assegurar a ordem estabelecida do poderio e privilégio da classe capitalista.

Enquanto no nazismo e no fascismo os sindicatos foram postos nas mãos de corporações de empresários, com Vargas, os sindicatos foram postos sob a tutela do Estado.

Note que o contexto do Trabalhismo Brasileiro é todo outro, enquanto o nazi-fascismo é um movimento contra-revolucionário, o Trabalhismo Brasileiro nasce como uma política de caráter desenvolvimentista de incorporação do proletariado sob a tutela do Estado, e isso muito antes do nazi-fascismo na Europa, já com Júlio de Castilhos no Rio Grande do Sul em 1891, 28 anos antes mesmo de se imaginar algum tipo de organização fascista.

Oque pensava Getúlio do nazi-fascismo, registrados, em trechos do seu Diário Pessoal:

Em 1940, quando o Brasil nem mesmo tinha rompido relações com a Alemanha, eis oque Getúlio registra em seu diário:
"As notícias da guerra são de uma verdadeira derrocada para os aliados. O povo, por instinto, teme a vitória alemã; os germanófilos exaltam-se. Evidente é a imprevidência das chamadas democracias liberais. Pedido do governo americano para que eu telegrafasse a Mussolini, fazendo-lhe um apelo para evitar que a guerra se generalize. Escusei-me. Mantive o propósito de não intervir na política européia e, além disso, não creio na eficácia dessa démarche."

O que os deturpadores alegam para falar da suposta simpatia de Vargas pelo Eixo é um discurso do mesmo ano de 1940, proferido no Minas Gerais, que não foi mais mais do que um blefe para forçar a implantação siderúrgica no Brasil. Eis o comentário de Getúlio sobre seu discurso registrado em seu diário:
"O discurso que pronunciei a bordo do Minas Gerais teve muita repercussão, produzindo surpresa pelo tom, julgado muito forte, e por outros, insensatamente, como germanófilo".

Deve-se registrar que no correr do ano 1941(enfatizando, mais uma vez, antes do rompimento com a Alemanha), Getúlio já se posicionava a favor dos aliados, eis o acontecimento que ele registra mais uma vez em seu diário:
"Curiosa audiência com o embaixador do Japão. Abordou-me sobre a atitude do Brasil no caso de os EUA entrarem na guerra européia! Perguntei-lhe qual seria a atitude do Japão, no caso de guerra entre os EUA e a Alemanha. Respondeu que o Japão deveria também entrar. Respondi-lhe então que o Brasil fazia parte de um bloco. Qualquer país americano que fosse atacado, nós seríamos solidários."

Em fim, é esse homem que alguns chamam de fascista?